Os defensores do presidente Lula encontraram provas de que a força-tarefa de Curitiba negociou a aquisição de programas de espionagem, incluindo o israelense Pegasus, usado para invadir celulares de políticos, jornalistas e ativistas de direitos humanos ao redor do mundo. Tudo está documentado em mensagens de celular trocadas entre membros da Lava Jato e apreendidas pela Polícia Federal na operação Spoofing.
Como mostram os advogados Cristiano Zanin Martins e Valeska Teixeira Martins em documento enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) (acesse a íntegra aqui), os diálogos deixam claro que:
1) no fim de 2017, os procuradores da Lava Jato em Curitiba planejavam criar um bunker munido de computadores e programas espiões para continuar suas perseguições ilegais a inimigos políticos, especialmente Lula e o PT;
2) estavam dispostos a comprar esses equipamentos de forma escamoteada, apropriando-se de valores obtidos por meio de delações premiadas;
3) em janeiro de 2018, marcaram reunião com a empresa NSO, fabricante do Pegasus, mesmo sabendo que o programa permitia violações graves à legislação brasileira, como usar o celular das pessoas para filmá-las e gravá-las em tempo real.
Como destacou a presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), trata-se de mais um crime da Lava Jato que vem à tona. “Quanto mais conhecemos as entranhas da Lava Jato, mais claro fica o projeto autoritário de Moro e Dallagnol. Queriam destruir Lula e substituir a democracia por um estado policial. A cara do Bolsonaro. Mais um crime revelado pelos advogados de Lula”, afirmou Gleisi.
As mensagens
A proposta de criação do bunker aparece nas conversas dos procuradores no fim de novembro de 2017, como mostra o trecho abaixo:
Mais adiante, na mesma conversa, os procuradores de Curitiba começam a discutir como usariam recursos de delações premiadas para montar o próprio centro de espionagem. Eles estudam repetir uma estratégia utilizada por procuradores do Rio de Janeiro. A falta de escrúpulos é tamanha que um dos procuradores diz: “Pode ter dado certo (a estratégia usada no Rio), mas certo não está hehe”.
Dois meses depois, os procuradores se mostram entusiasmados com a possibilidade de adquirir o Pegasus e marcam uma reunião com representantes da empresa israelense.
E-mails mostram que negociação prosseguiu
Os trechos acima foram todos incluídos no documento encaminhado nesta segunda-feira (26) ao STF pelos advogados de Lula. A peça se junta a outras 14 que trazem a análise dos diálogos de celular trocados entre o ex-juiz Sergio Moro e a força-tarefa de Curitiba e comprovam como a Lava Jato foi um esquema que atuou de forma ilegal e com o objetivo de incriminar Lula e retirá-lo da disputa eleitoral de 2018 (lembre aqui o que as conversas já provaram).
E esses trechos não são as únicas provas de que a Lava Jato queria possuir o programa espião que está no centro do maior escândalo de espionagem deste ano. E-mails aos quais o UOL teve acesso provam que a negociação prosseguiu após janeiro de 2018.
Segundo o site, o procurador Júlio Noronha, que integrou a força-tarefa de Curitiba por cinco anos, manteve contato com representantes no Brasil da empresa NSO Group, dona do software Pegasus, para tentar adquirir a ferramenta. Em uma das conversas, trocadas no fim de março de 2018, a NSO informa ao procurador Júlio Noronha, em um email intitulado “PEGASUS”, que a empresa havia até incluído algumas “funcionalidades” no sistema após observações feitas por integrantes do Ministério Público em conversas anteriores. Ou seja, a Lava jato não estava apenas negociando o Pegasus, mas adquirindo uma versão personalizada do software espião.
Fica claro, assim, que a Lava Jato antecedeu em dois anos a tentativa do vereador Carlos Bolsonaro de tentar espionar adversários políticos com o Pegasus. O filho de Jair Bolsonaro foi flagrado, em maio passado, tentando usar licitações do Ministério da Justiça para adquirir o programa israelense.
Com informações de pt.org.br .
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