Desde o início da pandemia o Brasil acumula mais de 544 mil mortes por Covid-19. Uma tragédia que poderia ter sido evitada, caso o Governo Federal tivesse desenvolvido ações para contenção do vírus no país. Diante da inércia e negacionismo de Bolsonaro, estados e prefeituras desenvolveram suas próprias estratégias para amenizar os efeitos da crise sanitária.
Agora, pesquisadores do Insper, da Universidade de São Paulo e da Universidade de Barcelona lançaram nesta semana, o estudo “Sob pressão: a liderança das mulheres durante a crise da covid-19”. Realizada em cidades brasileiras, a pesquisa evidencia em cidades governadas por mulheres ocorreram 43,7% menos mortes e 30,4% menos internações, de acordo com reportagem de Mariana Sanches para a BBC News Brasil.
A pesquisa concluiu que municípios com prefeitas tiveram, em média, 25,5 mortes por 100 mil habitantes a menos do que aqueles em que os chefes do Executivo municipal eram homens uma diferença de 43,7% na mortalidade. Em relação às hospitalizações, os registros também apontam uma redução média de 30,4% em internações por 100 mil habitantes nos municípios com prefeitas em relação ao mesmo dado de cidades com prefeitos.
De acordo com os autores do Estudo, se metade dos 5.568 municípios do Brasil fossem liderados por mulheres, seria possível esperar que o país tivesse 15% menos mortes do que o total acumulado, de mais de 540 mil. O que representa que mais de 75 mil pessoas estariam vivas.
No estudo, os pesquisadores descobriram, que os municípios com mulheres no comando adotaram em uma frequência 10% maior esse tipo de medidas não farmacológicas de combate à pandemia. No caso das máscaras, o número de prefeitas que determinou seu uso obrigatório superou em oito pontos percentuais o dos pares homens. Na obrigatoriedade de testes para entrar na cidade, mulheres superaram homens em 14 pontos percentuais. E na proibição de aglomeração, em cinco e meio pontos percentuais.
Nas Eleições de 2020, o Brasil elegeu apenas 655 mulheres (12,4% das eleitas), entre estas 29 petistas.(link) Em Contagem (MG), a segunda maior cidade do estado com mais de 670 mil habitantes, a prefeita petista Marília Campos, apostou na articulação regional e no diálogo com a população para amenizar os efeitos da pandemia. “Sempre tivemos uma preocupação em promover uma articulação regional para que fizéssemos o enfrentamento enquanto região em relação à pandemia. Para que pactuássemos medidas em comum, uma vez que o vírus não tem fronteiras. Outra estratégia, foi dialogar muito com a cidade”, conta a Prefeita.
Para amenizar os impactos negativos na economia local, a saída foi conversar com setores econômicos da cidade. “Tínhamos que ter uma política que evitasse a circulação de pessoas. Então, fomos evoluindo na construção de ações, de fechamento de atividades comerciais, mas com muito diálogo para estabelecer consenso, uma vez que não basta decretar, o enfrentamento depende muito de uma atitude pessoal das pessoas para não aglomerar, para utilização das máscaras, fizemos um grande pacto, que denominamos de Pacto pela Vida”.
Com as medidas a cidade conseguiu controlar os índices de proliferação da doença. Atualmente, a taxa de ocupação dos leitos de UTI é de 56% e 73% de ocupação em leitos de enfermaria. “Não é um alívio, é preocupante, mas estamos conseguindo manter. Construir o diálogo com a população foi muito importante, porque a cidade sentiu que tinha comando, que tinha Prefeita no município, dialogamos sobre todas as medidas que iríamos fazer”, conta Marília Campos.
Além dessas medidas, a Prefeitura também garantiu auxílio para estudantes das redes municipal e estadual de ensino, que atendeu mais de 37 mil pessoas em situação de vulnerabilidade.
Em outra cidade mineira, Juiz de Fora, na Zona da Mata, governada por Margarida Salomão, primeira mulher a ocupar o cargo na história do município, a criação do Comitê de Enfrentamento à Pandemia da Covid-19 foi uma das primeiras ações de governo da prefeita. O Comitê tem a função de acompanhar a evolução do quadro epidemiológico do novo coronavírus, além de adotar e fixar medidas de saúde pública necessárias para a prevenção e o controle do contágio e o tratamento das pessoas afetadas. Todas as pastas do executivo municipal integram o comitê, além de um representante da Câmara Municipal e também podem ser convidados especialistas e representantes de outros órgãos e entidades públicas ou privadas, como é o caso do Ministério Público.
O combate à crise social e a fome no município também são algumas marcas do enfrentamento. A campanha “Juiz de Fora Solidária” arrecadou mais de 22 toneladas de alimentos e materiais de limpeza, entre os dias 13 a 30 de abril.
No município baiano de Lauro de Freitas, que tem à frente a prefeita Moema Gramacho, o Banco de Alimentos de Lauro de Freitas, que atua na promoção da Segurança Alimentar e Nutricional (SAN), iniciou campanha com a finalidade de fortalecer a doação de alimentos. Outra iniciativa da Prefeitura, foi garantir auxílio financeiro para as mulheres microempreendedoras minimizar os impactos causados no setor pela pandemia da Covid-19, por meio do programa Crediamigo Delas, a nova linha de crédito do Banco do Nordeste (BNB). No início da semana, a Prefeitura iniciou a entrega de 28 mil kits alimentação a alunos da rede municipal de ensino.
Com informações de Elas por Elas , BBC Brasil e pt.org.br .
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