Em depoimento à CPI da Covid, o representante da Davati Medical Supply Cristiano Carvalho afirmou que só conseguiu se reunir, em março passado, com o então secretário-executivo do Ministério da Saúde, coronel Élcio Franco, graças ao Instituto Força Brasil. Segundo seu relato, foi o presidente dessa entidade, o também coronel Helcio Bruno de Almeida, que possibilitou o encontro, do qual também participaram o PM e representante de vendas Luiz Dominguetti e o pastor Amilton de Paula, da Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah).
Essa revelação traz novos nomes à intrincada rede que, segundo vem apurando a CPI, iniciou um esquema que buscava aproveitar a compra de vacinas para assaltar os cofres públicos. E estabelece, também, um elo entre a rede de fake news utilizada por Jair Bolsonaro e as maracutaias que parecem tomar conta de seu governo.
O Instituto Força Brasil foi criado em setembro de 2020. Segundo o site oficial, trata-se de uma entidade sem fins lucrativos que defende pautas conservadoras. O presidente é o coronel Helcio Bruno. O vice-presidente, o empresário Otávio Fakhoury. Quem são os dois?
Helcio Bruno é mais um coronel da reserva a ser citado no escândalo das vacinas. Segundo a jornalista Malu Gaspar, do jornal O Globo, ele ” é egresso das Forças Especiais do Exército, assim como Elcio Franco, o general e ex-ministro Eduardo Pazuello e vários ministros palacianos”. Quando foi à CPI, Dominguetti disse que Helcio Bruno tem boa relação com Elcio Franco, algo que ele mesmo confirma: “(Ter sido das Forças Especiais) serve como boa credencial”, afirmou Helcio Bruno à jornalista.
Partido de Bolsonaro
Abaixo do coronel na diretoria do Instituto Força Brasil está Otávio Fakhoury. O empresário é criador do Aliança pelo Brasil, o partido que Jair Bolsonaro tentou criar depois de deixar o PSL, pelo qual se elegeu em 2018. Fakhoury admite que financiou tanto a campanha quanto manifestações de apoio ao atual presidente. Ele também aparece como financiadores de sites que espalham fake news e já foi apontado como membro do Gabinete do Ódio.
Em 16 de junho do ano passado, ele foi um dos 21 alvos de busca e apreensão da Polícia Federal em uma operação no âmbito do inquérito aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar atos antidemocráticos, que mais tarde desdobrou-se no inquérito das fake news. Dias antes, ele havia sido intimado a depor na PF sobre o mesmo tema.
Agora, uma entidade criada por ele aparece como a responsável por levar representantes da Davati e da Senah para uma reunião com o número 2 da Saúde. Para os integrantes da CPI da Covid, essa relação precisa ser investigada. “Esse instituto Força Brasil é quem leva até o coronel Elcio Franco. Que tem feito campanhas negacionistas em relação à pandemia, em relação às vacinas, intermedia um negócio para uma vacina fake, um golpe. E esse instituto se constitui um dos principais braços de apoio do governo nas redes sociais”, disse o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
Com informações de pt.org.br .
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