quarta-feira, 24 de julho de 2019

Epidemiologia: vigilância aumenta em 80% notificações de focos do Aedes em SC

O último relatório da Diretoria de Vigilância de Epidemiológica ( DIVE ) da Superintendência de Vigilância em Saúde ( SUV ) da Secretaria de Estado da Saúde ( SES ) do Governo do Estado de Santa Catarina ( SC ) divulgado neste mês de julho de dois mil e dezenove, aponta a presença do mosquito Aedes aegypti em cento e oitenta e dois municípios catarinenses. São vinte e um mil quatrocentos e sessenta e sete focos identificados entre trinta de dezembro de dois mil e dezoito a treze de julho de dois mil e dezenove. Comparando ao mesmo período do ano de dois mil e dezoito, quando foram mapeados onze mil novecentos e vinte e oito focos em cento e cinquenta e dois municípios, houve um aumento de oitenta por cento no total de notificações.


O gerente de zoonoses ( GEZOO ) da DIVE, João Augusto B. Fuck, explica que neste ano de dois mil e dezenove as temperaturas demoraram a cair e houve um forte período com calor e chuva nos meses de abril e maio, o que favoreceu a proliferação do mosquito.
– Nosso cenário é de risco, o número de focos é o maior desde que foram identificados os primeiros em SC no ano de dois mil e seis e este número vem aumentando ano a ano – comenta Fuck.

São noventa e quatro municípios de SC considerados infestados pelo Aedes, a maioria concentrados na região Oeste. O número cresceu vinte e oito por cento em relação ao mesmo período de dois mil e dezoito, quando eram setenta e três localidades.


Casos da doença

Atualmente o Estado possui três cidades condição de epidemia, todas no Litoral Norte: Itapema com seiscentos e seis casos autóctones ( contraídos no local ), uma taxa de incidência de novecentos e cinquenta e oito vírgula um casos por cem mil habitantes, seguida por Camboriú com trezentos e quarenta e um confirmações e quatrocentos e vinte e um vírgula nove casos por cem mil habitantes e Porto Belo que conta com oitenta e quatro ocorrências e quatrocentos e três vírgula dois casos por cem mil habitantes.

A Organização Mundial da Saúde ( OMS ) considera o nível de transmissão epidêmico quando a taxa de incidência é maior que trezentos casos por cem mil habitantes.
Em dois mil e dezenove, ao todo, foram registrados mil trezentos e setenta e um casos da doença contraída em SC e cento e treze importados. Apesar de ser um indicativo expressivo, Fuck comenta que o Estado já viveu situação pior, em dois mil e dezesseis, quando os casos da doença passaram de quatro mil e oito municípios estavam em situação de epidemia. Na época, foram registrados os dois únicos casos fatais de SC, em Chapecó e Pinhalzinho.

Desta vez, destaca-se uma migração das ocorrências do Oeste para o Litoral.
– O Brasil teve um aumento expressivo nos casos de dengue e o Litoral se torna suscetível por que há uma grande circulação de pessoas que podem trazer a doença consigo e iniciar um ciclo de contágio. Outro fator é o deslocamento desta população entre estas cidades. Por exemplo, alguém que trabalha em Itapema e mora em Porto Belo contrai a doença. A movimentação diária deste indivíduo favorece a propagação do vírus.

A DIVE afirma que esta é uma movimentação natural da doença, há períodos de retração, como ocorreu em dois mil e dezessete e dois mil e dezoito, e outros de avanço.


Novos subtipos

Fuck explica que a expansão dos casos também está ligada ao avanço de um novo sorotipo de dengue no Estado, a DEN-2. Segundo ele, este subtipo foi observado pela primeira vez aqui em dois mil dezessete, mas só agora está tendo um maior número de vítimas.

– De modo geral, notamos que o sorotipo DEN-2 está circulando mais em todo o Brasil. Acredita-se que a expansão dele aqui ocorreu provavelmente durante a temporada, quando alguém com infectado este subtipo passou em SC e iniciou o processo de transmissão.
A dengue possui quatro sorotipos DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. O indivíduo só pode ser contaminado uma vez com cada subtipo, adquirindo imunidade após a infecção. Estima-se que neste ano de dois mil e dezenove a prevalência seja do tipo 1. A DIVE realizou o procedimento para determinar os subtipos em duzentos e cinquenta e três amostras, destas, cento e oitenta e cinco deram positivo para o tipo um e cinquenta e oito para o tipo dois.


Concentração de Focos em SC


Mapa indicativo de locais com a presença do Aedes Aegypti
Mapa indicativo de locais com a presença do Aedes Aegypti
(Foto: )


POR ONDE O AEDES AVANÇA

Fatores cruciais para o aumento do número de focos

Prazo de notificação

Boa parte dos casos confirmados e divulgados neste mês foram notificados em
abril ou maio, isso por que para notificar a suspeita os médicos têm um prazo de até sete dias, após o exame de será realizado pelo Laboratório Central ( LACEN ) de Saúde Pública que recebe mais sete dias, após este processo ainda há um período de sessenta dias para inclusão no Sistema de Informação de Agravos de Notificação ( SINAN ).
— Isto faz parte do processo para garantir a confiabilidade dos dados. Muitos casos que aparecem nas estatísticas agora, durante o período mais frio do ano, foram diagnosticados e tratados semanas atrás. Inclusive, a gente vem observando que há uma queda gradativa em número de notificações — conclui Fuck.

Falta de inseticida
Desde junho SC já não tem estoque do inseticida Malathion EW, enviado pelo Ministério da Saúde ( MS ) para o combate à dengue. O produto mata o mosquito Aedes aegypti e é usado em locais próximos àqueles onde moram ou trabalham pessoas que estão contaminadas com o intuito de controlar a proliferação da doença. Sobre a falta do inseticida Fuck confirma que este fato pode ter sim contribuído negativamente para a proliferação da doença, porém não aponta este fato como um fator decisivo para a situação atual.
— Nós conseguimos manter as ações previstas até o produto acabar. O uso deste inseticida é para eliminar o mosquito adulto e não é só isso que vai resolver o problema. Não adianta eliminar ele adulto e manter os criadouros —
fala o gerente.

O produto permanece em falta no MS e não há previsão de envio para o Estado que também não tem a intenção de fazer a compra do inseticida. De acordo com o MS, esta é a última estratégia de enfrentamento da dengue. O órgão enfatiza que a prevenção só ocorre com a eliminação dos focos de multiplicação do Aedes aegypti.
Política de enfrentamento

É responsabilidade de cada município realizar as atividades de mobilização contra a Dengue. De acordo com o gerente de zoonoses da DIVE, Fuck, nota-se que a maioria das prefeituras agem apenas após o início do processo de transmissão, o que torna muito mais complexo o processo, facilitando a proliferação da doença.
Fuck explicou ainda que órgão têm regionais de saúde com a responsabilidade de prestar apoio técnico às administrações municipais, no auxílio para aplicação de inseticida e indicação de ações, por exemplo. Existem biólogos da DIVE nas dezessete gerências regionais de saúde ( GRSs ). Há também técnicos agrícolas alocados em cidades com altos níveis de transmissão como Florianópolis, Itajaí, Joinville, Xanxerê, Chapecó e São Miguel do Oeste. Estes profissionais seriam responsáveis por prestar auxílio caso a caso.
Maus hábitos

A DIVE pontua que embora hajam campanhas de conscientização nota-se que a população na prática não mantém os cuidados básicos para evitar a proliferação do inseto.
Segundo o primeiro Levantamento Rápido de Índices de Infestação pelo Aedes aegypti ( LIRAa ) feito pelo MS sessenta por cento dos criadouros estão nos quintais e dentro das residências, em recipientes que acumulam água parada.

— Não adianta de nada o Estado fazer a sua parte e as pessoas não agirem. É preciso controlar a presença do Aedes aegypti, não podemos pensar apenas na dengue temos também chikungunya e zika. Ainda não temos casos destas duas últimas, mas se temos o vetor temos a chance de isso ocorrer — alerta Fuck.

De acordo com a DIVE, com a entrada do frio o mosquito adulto acaba sendo eliminado, porém os ovos podem ser altamente resistentes, com período desenvolvimento chegando a vinte dias. Entretanto, Fuck destacou que em local seco eles podem durar por mais de dois anos esperando condições favoráveis para eclodir.
— O inverno impacta o ciclo de reprodução dele, mas não acaba com o problema, apenas adormece. É nessa estação o momento de agir contra o vetor, assim na próxima não teremos o risco de surto em nível de epidemia. — recomenda Fuck.


Contribua para eliminar o mosquito da dengue


Agente de saúde realizando ação de busca de focos
(Foto: )

A Diretoria ressalta algumas orientações para evitar a proliferação de focos, são elas:
Evite usar pratos nos vasos de plantas. Se usá-los, coloque areia até a borda;

Guarde garrafas com o gargalo virado para baixo;

Mantenha lixeiras tampadas;

Deixe os depósitos d’água sempre vedados, sem qualquer abertura, principalmente as caixas d’água;

Plantas como bromélias devem ser evitadas, pois acumulam água;

Trate a água da piscina com cloro e limpe-a uma vez por semana;

Mantenha ralos fechados e desentupidos;

Lave com escova os potes de comida e de água dos animais no mínimo uma vez por semana;

Retire a água acumulada em lajes;

Dê descarga, no mínimo uma vez por semana, em banheiros pouco usados;

Mantenha fechada a tampa do vaso sanitário;

Evite acumular entulho, pois ele pode se tornar local de foco do mosquito da dengue;
Denuncie a existência de possíveis focos de Aedes aegypti para a Secretaria Municipal de Saúde.

Com informações do jornal Diário Catarinense.

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