sexta-feira, 25 de junho de 2021

Sucessão presidencial: pesquisas apontam para aumento de popularidade de ex-presidente e rejeição a Bolsonaro

Duas pesquisas divulgadas nesta semana revelam um movimento pendular na política brasileira. Enquanto Luiz Inácio Lula da Silva restaura sua biografia e recupera o prestígio de presidente mais popular da história do país, a soma de marolinhas de Jair Bolsonaro transformou-se em um tsunami que engolfa sua popularidade inclusive entre grupos sociais que o apoiaram – até agora.

Popularidade de Bolsonaro desaba


levantamento do instituto Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec), criado por ex-executivos do Ibope Inteligência, foi tornado público nesta quinta-feira (24). Ele mostra um crescimento de onze pontos percentuais na reprovação de Bolsonaro em comparação ao início do ano. Com isso, Bolsonaro vem se portando como o general Newton Cruz, um dos “heróis” dos militares linha dura.

O levantamento atual aponta que 50% da população brasileira considera o governo ruim/péssimo, 26% consideram o governo regular e 23% afirmaram que ele é ótimo/bom. Em fevereiro, 39% da população consideravam o governo ruim/péssimo, enquanto 31% consideravam o governo regular e a aprovação estava em 28%.

O Ipec também apurou se o eleitor aprova ou desaprova a maneira bolsonarista de governar. Os que aprovam diminuíram de 38% para 30% desde fevereiro, enquanto a taxa de desaprovação foi de 58% para 66%. No Nordeste, 73% dos entrevistados desaprovam o desgoverno Bolsonaro.

A maior aprovação é no Sul (36%), mas a desaprovação a supera (59%). Além disso, caiu de 36% para 30% os que responderam confiar em Bolsonaro. Os que desconfiam cresceram de 61% para 68%.

A pesquisa foi feita de 17 a 21 de junho com 2.002 pessoas em 141 municípios. Antes da sucessão de maus momentos de Bolsonaro, como o escândalo da compra superfaturada da vacina Covaxin, o faniquito diante de uma jornalista em Guaratinguetá (SP) e a atitude criminosa no Rio Grande no Norte, nesta quinta, onde pediu a uma menina para tirar a máscara e chegou a pegar um bebê no colo para arrancar sua proteção.

Pesquisa PoderData


Divulgada na quarta-feira (23), a pesquisa PoderData apresenta números semelhantes aos do Ipec. Bolsonaro é considerado ruim ou péssimo para 50% dos entrevistados, enquanto os que o avaliam como regular chegou a 19%, e 28% ainda o consideram ótimo ou bom. Os que mais o rejeitam são mulheres (59%), moradores da região Nordeste (63%), os com ensino superior (61%) e os que ganham de 5 a 10 salários mínimos (62%).

Realizada nesta semana (21 a 23), com 2.500 entrevistados em 445 municípios nas 27 unidades da Federação, a nova rodada do PoderData marca uma interrupção na curva de avaliação positiva de Bolsonaro. Ela tem variado na faixa de 24% a 30% desde março, quando a pandemia do coronavírus eclodiu de vez no país.

Para o coordenador das pesquisas do PoderData, Rodolfo Costa Pinto, é “direta“ a relação entre a situação epidemiológica da covid com a popularidade de Bolsonaro. “A pandemia tomou uma proporção que afeta todos os aspectos das vidas das pessoas. Então, a percepção sobre melhora ou piora da situação serve como uma régua para que as mesmas avaliem o desempenho do governo de maneira geral”, disse ao Poder 360º.

Um cruzamento de dados do portal registra o primeiro pico de rejeição a Bolsonaro em junho de 2020, um dos piores momentos da chamada primeira onda da covid-19. Ele tinha 48% de rejeição e 29% de aprovação, os piores números desde o início da pandemia. A rejeição a Bolsonaro voltou a subir em abril deste ano, período o mais mortal da pandemia, quando 55% disseram reprovar o trabalho de Bolsonaro.

“A possibilidade de recuperação da popularidade pode ser limitada devido à polarização política, que define o número de pessoas que flutuam entre a avaliação positiva ou negativa do governo, e também ao efeito de acontecimentos ainda pouco previsíveis, como apagões, algum choque econômico externo ou mesmo um aumento de protestos nas ruas”, concluiu o estatístico.

Economia puxa para cima a reprovação


Além da queda do mito do presidente “anticorrupção”, a economia é um dos pontos de tensão sobre Bolsonaro. No país campeão das desigualdades sociais e de renda, a falta de liderança, de rumos e até de empatia do desgoverno Bolsonaro fez a pandemia reforçar a concentração de riqueza e ampliar a pobreza.

Enquanto o Relatório Riqueza Global, do banco Credit Suisse, apontou o aumento da distância social e de renda no país, levando a parcela de 1% mais rica deter 49,6% da riqueza total – um recorde – levantamento da FGV Social mostra que a renda mensal média do trabalho caiu, no primeiro trimestre de 2021, ao nível mais baixo desde o início da série histórica, iniciada em 2012.

Pela primeira vez, a renda do trabalho se situou abaixo de R$ 1 mil mensais. O dado demonstra que, muito mais do que a renda de aplicações financeiras e o patrimônio imobiliário, os rendimentos do trabalho foram os mais negativamente afetados. A renda individual do trabalho sofreu queda de 10,8%, quando se compara os primeiros três meses de 2020 com o mesmo período em 2021. O recuo foi ainda mais forte, chegando a 20,8%, no caso dos brasileiros mais pobres.

Anunciado nesta sexta-feira (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor 15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação, acelerou em junho e atingiu 0,83% o maior para o mês desde 2018, quando atingiu 1,11%.

A redução da massa de pobres brasileiros também sofreu reversão acentuada neste ano e meio de pandemia. Hoje, há 40 milhões de pessoas em faixas de extrema pobreza, metade das quais vive sob a ameaça da fome. Atualmente, a insegurança alimentar é parte do cotidiano de metade dos brasileiros e das brasileiras, e a inflação faz parte desse quadro.

Até o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, admitiu o impacto da alta de preços sobreas classes mais baixas. “Inflação para as classes mais baixas tem rodado acima da das classes médias. Inflação das classes mais baixas tem convergido um pouco, mas ainda está acima”, afirmou ao Estado de São Paulo.

Desde que a pandemia do novo coronavírus começou, em março do ano passado, a inflação oficial acumulada medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 7,39%. Para as famílias com renda de até cinco salários mínimos, o índice medido chegou a 8,57%.

Anunciado nesta sexta-feira (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor 15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação, acelerou em junho e atingiu 0,83% o maior para o mês desde 2018, quando atingiu 1,11%. Em maio, o índice havia sido de 0,44%. No acumulado do ano, o IPCA-15 chegou a 4,13%. E, em 12 meses, passou de 7,27% em maio para 8,13% em junho.

Com informações de pt.org.br .

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