quarta-feira, 28 de julho de 2021

Epidemia: CPI retoma trabalhos para apontar corrupção na saúde, autorizada por Bolsonaro

Os trabalhos da CPI da Covid, que concentraram as atenções dos brasileiros nos últimos meses, serão retomados no início de agosto, após o fim do recesso parlamentar. A partir de terça-feira (3), os senadores voltarão a colher depoimentos para apontar responsáveis pela tragédia sanitária no país e desvendar esquemas de corrupção no Ministério da Saúde na compra de vacinas. O primeiro depoimento será o do reverendo Amilton Gomes de Paula, autorizado pelo governo Bolsonaro a negociar a compra de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca com a empresa atravessadora Davati Medical Supply.

Ligado a Bolsonaro, o reverendo Amilton de Paula é considerado peça-chave nas investigações da CPI


A negociação envolveu o cabo da polícia militar Luiz Paulo Dominguetti e o ex-diretor de Logística da Saúde, Roberto Dias, acusado de pedir propina de U$ 1 por vacina vendida à pasta. Dada sua ligação com Jair Bolsonaro e parlamentares da base de apoio do governo, o reverendo Amilton de Paula é considerado peça-chave para a CPI avançar na investigação sobre o esquema de corrupção na pasta da Saúde.

“Semana que vem a CPI da Covid retoma as atividades presenciais da comissão e vai seguir o dinheiro”, promete o senador Humberto Costa (PT-PE). “Quem será que ganhou com o atraso na compra das vacinas e com a aquisição de doses com valor superior ao preço de mercado?”, questiona o senador.

Os senadores devem aprofundar as investigações para descobrir os motivos pelos quais o Ministério da Saúde envolveu tantos atravessadores para adquirir vacinas, com empresas inclusive não autorizadas por laboratórios, caso do imunizante de Oxford.

“Enquanto todos os países do mundo negociaram as vacinas contra a Covid-19 diretamente com laboratórios, no Brasil as vacinas foram negociadas por intermediários e com os preços mais altos”, pondera o senador Rogério Carvalho (PT-SE). “Por que? Quem está ganhando com isso? A resposta é óbvia!”, exclamou Carvalho, em referência aos esquemas revelados pela comissão.

Covaxin


Na quarta-feira (4), a CPI colherá depoimento de Francisco Maximiano, sócio da Precisa Medicamentos, a empresa que intermediava junto ao Ministério da Saúde a importação da vacina indiana Covaxin, produzida pelo laboratório Bharat Biotech.

Após a revelação de uma série de irregularidades nos modelos de contratos apresentados pela empresa, o contrato foi suspenso pelo ministério. Na semana passada, foi a vez da Bharat Biotech dar fim ao acordo comercial com a Precisa Medicamentos. O advogado da empresa, Tulio Silveira, será ouvido pela CPI na quinta-feira (5).

Nesta terça—feira (27), a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) suspendeu a autorização de importação da vacina. A decisão ocorreu logo após o laboratório indiano desautorizar a Precisa Medicamentos na representação legal da produtora de vacinas no Brasil. A agência também baseou sua decisão após revelações da CPI de que houve indícios de fraude na documentação de importação.

“A decisão levou em conta ainda notícias de que documentos ilegítimos podem ter sido juntados ao processo de importação, o que pode impactar as conclusões quanto aos aspectos de qualidade, segurança e eficácia da vacina a ser utilizada na população nacional”, diz a nota da Anvisa divulgada na terça.

Com informações de pt.org.br .

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