O relatório final da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito ( CPMI ) do Golpe ( acesse a íntegra do documento em: https://pt.org.br/wp-content/uploads/2023/10/relatorio-cpmi-versacc83o-consolidada.pdf ), apresentado nesta terça - feira ( Dezessete de outubro de Dois mil e vinte e três ) pela senadora Eliziane Gama ( do Partido Social Democrático do Estado do Maranhão - PSD - MA ) , responsabiliza o ex - Presidente da República ( PR ) Jair Messias Bolsonaro ( do Partido Liberal - PL ) e dezenas de seus apoiadores pelo “ maior ataque à democracia de nossa história recente ” .
Parlamentares acompanham leitura do relatório : pedidos de indiciamento incluem Oito generais ligados a Bolsonaro
O documento, lido por Eliziane durante sessão da CPMI, também pede o indiciamento ( abertura de inquérito ) tanto de Bolsonaro como de centenas de seus apoiadores ( veja a lista completa no fim do texto).
Segundo Eliziane, Bolsonaro foi o autor intelectual e moral de um movimento golpista que culminou nos atentados de Oito de Janeiro de Dois mil e vinte e três, devendo ser responsabilizado pelo seguintes crimes : associação criminosa, violência política, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.
Após a leitura do relatório por Eliziane, a oposição apresentou um voto em separado, no qual insistiu na patética tentativa de responsabilizar o governo do PR Luiz Inácio Lula da Silva ( do Partido dos Trabalhadores - PT ) pelos atentados do dia Oito de Janeiro . O debate sobre as conclusões de Eliziane e a votação para que a comissão aprove ou rejeite seu documento ocorrerão na quarta - feira ( Dezoito de outubro de Dois mil e vinte e três ) . Se aprovado, será enviado ao Ministério Público Federal ( MPF ), que decidirá se abrirá ou não os inquéritos.
Parlamentares do PT que integram a CPMI elogiaram o trabalho de Eliziane . “ Numa tacada só, indiciou Sessenta e um nomes, incluindo Bolsonaro e mais Trinta militares ” , escreveu o deputado Rogério Correia ( do PT do Estado de Minas Gerais - PT - MG ) nas redes sociais. Já seu colega de Bancada Rubens Pereira Júnior ( PT - MA ) celebrou o fato de o documento ter colocado Bolsonaro no centro da trama golpista e lembrou que os crimes apontados a Bolsonaro somam Vinte e nove de prisão .
“ Obra do bolsonarismo ”
Segundo Eliziane, a CPMI se dedicou, nos últimos cinco meses, a entender como foi possível que alguns milhares de insurgentes invadissem e depredassem as sedes dos Três Poderes. E, para que essa resposta seja alcançada, é preciso entender que o Oito de Janeiro começou a ser forjado muito antes, com ataques sistemáticos à democracia e manipulação dos fatos.
Linha do tempo
( veja a linha do tempo em: file:///C:/Users/claudio.gama/Downloads/F26kpqjy7EaiSMLOlzPA4PVFBRQptlb4UNQ9QLf2.pdf .
“ A democracia brasileira foi atacada : massas foram manipuladas com discurso de ódio; milicianos digitais foram empregados para disseminar o medo, desqualificar adversários e promover ataques ao sistema eleitoral; forças de segurança foram cooptadas; tentou - se corromper, obstruir e anular as eleições; um golpe de Estado foi ensaiado; e, por fim, foram estimulados atos e movimentos desesperados de tomada do poder ” , escreve Eliziane, antes de concluir : “ O Oito de Janeiro é obra do bolsonarismo ” .
Assim, não é possível acreditar que o Oito de Janeiro tenha sido um movimento espontâneo ou desorganizado, muito menos ordeiro e pacífico, afirma Eliziane . E o objetivo final era, sim, um golpe de Estado.
Tanto no Oito de Janeiro quanto em ações anteriores — como os ataques q Brasília ( DF ) na noite de Doze de dezembro e a tentativa de explodir uma caminhão - tanque — a ideia era viabilizar a decretação de um estado de sítio ou de Garantia da Lei e da Ordem ( GLO ), levando os militares ao controle do país.
“ Para os que nele tomavam parte — mentores, executores, instigadores, financiadores, autoridades omissas ou coniventes —, o Oito de Janeiro foi uma tentativa propositada e premeditada de golpe de Estado. O objetivo era um só : invadir ou deixar invadir as sedes dos Poderes, desestabilizar o Governo, incendiar o País, provocar o caos e a desorganização política — e até mesmo, se necessário, uma guerra civil ”, diz um trecho do relatório .
“ Ainda não terminou ”
O documento lembra ainda que, enquanto a massa de golpistas era mobilizada , Bolsonaro tentava convencer oficiais das Forças Armadas a aderir ao golpe, ao passo em que figuras próximas a Bolsonaro elaboravam documentos que buscavam dar ao golpe “ o verniz jurídico com que tanto sonham os ditadores ” .
Ainda assim, a democracia resistiu. “ Contra os golpistas, prevaleceu a solidez de nosso arranjo institucional ” , celebra Eliziane. Ela, no entanto, deixa um alerta, ao lembrar que os golpes de hoje não se dão apenas com o uso da força, mas justamente com as armas empregadas pelo bolsonarismo : mentiras, campanhas difamatórias, propaganda subliminar, disseminação do medo, fabricação do ódio.
“ As invasões do dia Oito de Janeiro fracassaram em seus objetivos mais escuros . Mas os ataques à democracia continuam . ( … ) O Oito de Janeiro ainda não terminou. Urge que o sistema de vigilância seja permanente ” , propõe
O papel de Bolsonaro
O relatório também detalha o papel exercido por Bolsonaro na trama golpista. A relatora lembra que o Bolsonaro nunca nutriu simpatia por princípios democráticos, e, desde o primeiro dia de governo, atentou contra instituições estatais, “ principalmente aquelas que significavam, de alguma forma, obstáculo ao seu plano de poder ” .
No cargo de presidente, diz o documento, “ Bolsonaro se utilizou como pôde do aparato estatal para atingir seu objetivo maior : cupinizar as instituições republicanas brasileiras até seu total esfacelamento, de modo a se manter no poder, de forma perene e autoritária ” .
Assim, o relatório atribui a Bolsonaro responsabilidade direta, como mentor moral, por grande parte dos ataques perpetrados a todas as figuras republicanas que impusessem qualquer tipo de empecilho à sua empreitada antidemocrática.
“ Agentes públicos, jornalistas, empresários, militares, membros dos Poderes : todos sofreram ataques incessantes por parte de Bolsonaro e de seus apoiadores, muitos deles ocupantes de cargos públicos, que se utilizavam da máquina estatal para coagir e agredir pessoas ” , denuncia o relatório .
É lembrado ainda que Bolsonaro atacou por diversas vezes o processo eleitoral, chegando a vazar o teor de um processo sigiloso em uma de suas lives, a mentir sobre a insegurança das urnas eletrônicas em reunião com embaixadores estrangeiros e a se reunir com o hacker Walter Delgatti com o objetivo de desacreditar as urnas eletrônicas .
Os crimes atribuídos a Bolsonaro
Depois das eleições de Dois mil e vinte e dois, prossegue o documento, Bolsonaro ainda se reuniu por diversas vezes com os comandantes das Forças Armadas, fora da agenda presidencial oficial, com fins pouco republicanos, e nunca se disse contrário aos acampamentos golpistas que se formavam diante de quartéis do Exército Brasileiro .
Por fim, o relatório lembra que, segundo noticiado pela imprensa, Filipe Martins, então assessor internacional da PR, entregou em mãos a Bolsonaro uma “ minuta de golpe ” , fato que teria sido presenciado por Mauro Cid, ex - ajudante de ordens que fechou acordo de delação premiada.
“ Os fatos aqui relatados demonstram, exaustivamente, que Bolsonaro foi autor, seja intelectual, seja moral, dos ataques perpetrados contra as instituições, que culminaram no dia Oito de Janeiro de Dois mil e vinte e três. Por esse motivo, deve ser responsabilizado pelos tipos penais descritos nos Artigos Duzento e oitenta e oito, Caput ( associação criminosa ) , Trezentos e cinquenta e nove - P ( violência política ), Trezentos e cinquenta e nove - L ( abolição violenta do Estado Democrático de Direito ) e Trezentos e cinquenta e nove - M ( golpe de Estado ) , todos do Código Penal ( CP ), por condutas dolosas ” , afirma o texto .
Veja a lista de pedidos de indiciamento feitos pela CPMI do Golpe
Segundo o relatório, a lista abaixo ( organizada desta forma pelo site Congresso em Foco ) inclui todas as pessoas que, segundo os indícios, podem ter agido como mentores; executores, por ação ou omissão; instigadores; ou financiadores.
MENTORES
MEMBROS DO GSI
MEMBROS DA PMDF
ENTORNO DE BOLSONARO
ENVOLVIDOS NO OITO DE JANEIRO
FINANCIADORES
ATENTADO A BOMBA
SUPOSTA CORRUPÇÃO No DPRF
Com informações da:
Agência PT de Notícias / Congresso em Foco
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