O presidente da Câmara Federal, Arthur Lira (PP-AL), colocou na ordem do dia desta terça-feira (6) o projeto 591/20 que trata da privatização dos Correios e a matéria poderá ser votado ainda nesta semana. A urgência para a tramitação do projeto foi aprovada em abril deste ano pela Câmara com voto contrário do PT e dos partidos da oposição.
Na ocasião da votação da urgência, o líder do PT na Câmara, deputado Bohn Gass (PT-RS), criticou duramente a decisão da Câmara. “Não é razoável que estejamos votando aqui a entrega de patrimônio público, neste período de pandemia, em que estamos sob cadáveres, por causa das mortes que acontecem em função da pandemia”, enfatizou ele.
Ao contrário da Eletrobras e da BR Distribuidora – que tem base em operações do mercado de capitais – o modelo de privatização dos Correios definido pelo Ministério da Economia pretende vender 100% do capital da empresa, de acordo com a Secretaria Especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados. Ou seja, o governo Bolsonaro pretende vender de forma integral o controle da estatal, que é considerada como uma empresa lucrativa.
Pelo Twitter, o ex-presidente Lula criticou a entrega de uma empresa estratégica pelo governo federal.
Também a presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, abordou na rede social a priorização do lucro em detrimento dos interesses do povo brasileiro.
Risco à soberania
Maior empresa de logística da América latina, em 2020 o lucro dos Correios foi de R$ 1,5 bilhão. A empresa possui atualmente cerca de 100 mil trabalhadores, cuja grande parte poderá ficar sem emprego no caso dela ser privatizada. A empresa que leva correspondências a todos as cidades brasileiras, principalmente nos locais onde não existe internet, também atua como banco postal, o que facilita em muito a vida dos mais pobres. Sem contar que o preço das encomendas entregues pelos Correios é muito inferior ao que o cobrado pelas empresas privadas que atuam no setor.
Especialistas avaliam que a venda dos Correios, além de colocar em risco a soberania nacional por se tratar de um setor estratégico para o país, também contribuirá para aumentar o desemprego e encarecer a prestação de serviços, principalmente no setor de encomendas. Tanto o setor pode ser considerado como estratégico, que em países como os Estados Unidos esse serviço também permanece estatal, apesar das tentativas do governo Trump em querer a sua privatização. Lá, a estrutura dos Correios é cinco vezes maior do que a da estatal brasileira.
A Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos – FENTECT também reafirmou que a venda da estatal vai totalmente contra os interesses do povo brasileira e irá representar a entrega de um patrimônio centenário à iniciativa privada. Além de colocar em risco milhares de empregos e a manutenção de direitos adquiridos pelos trabalhadores ao longo dos anos.
Enxugamento
Desde que tomou a decisão de privatizar os Correios, a exemplo do que vem fazendo em outras empresas, o governo Bolsonaro tem promovido o enxugamento da estatal, com a implementação de programas de demissão incentivada (PDI), sendo que os mais recentes em janeiro e março deste ano alcançaram um recorde de adesão de mais de 12 mil funcionários.
Como desde 2011 os Correios não promovem nenhum concurso público para repor as vagas existentes. Esse fato só fez aumentar o número de terceirizados nos grandes complexos de operação da estatal, sendo que eles não recebem os mesmos benefícios e ganham salários de 40 a 50% menores do que os efetivos.
Com informações de pt.org.br .
Nenhum comentário:
Postar um comentário