“Para um programa [de vacinação] ter sucesso, é simples: é necessário ter vacina e campanha publicitária efetiva. Infelizmente, eu não tive nenhum dos dois”, confirmou Fantinato. Ela declarou que a politização em torno do assunto das vacinas motivou sua saída do cargo no início deste mês.
“O programa de vacinação foi sabotado pelo governo”, apontou o senador Rogério Carvalho (PT-SE). “Francieli Fantinato revela à CPI à Covid que não teve apoio nem para o que há de mais simples para um programação de sucesso: vacina e campanha publicitária efetiva”, lamentou o senador.
Além do empenho de Bolsonaro em prejudicar ações para salvar vidas, Francieli relatou que pressões para a inclusão de grupos prioritários na campanha atrapalharam, no âmbito do Ministério da Saúde, a estratégia de vacinação do programa. “Sofrer pressão de todos os segmentos para entrada de grupos trouxe dificuldades para a campanha. Se tivesse vacina suficiente, não precisaria dessa fragmentação”, queixou-se Fantinato.
Ela também informou que o secretário-Executivo da Saúde, coronel Élcio Franco, solicitou a retirada de presidiários da categoria de grupos prioritários do programa de vacinação sem nenhuma justificativa técnica. “Mas não cedemos, entendemos a importância desse grupo, que é vulnerável, [sujeito à] prevalência maior de infecções, em presídios com condições inadequadas”.
Covax Facility
O senador Humberto Costa (PT-PE) questionou a servidora se o PNI teve alguma participação na decisão de compra de vacinas do consórcio Covax Facility, da Organização Mundial da Saúde (OMS). Fantinato revelou que a decisão do quantitativo de vacinas, de apenas 10%, foi uma decisão dos “negociadores”.
“Eu recebi o contrato já fechado com 10%”, disse. “Nós fizemos uma nota técnica inicial com o mesmo teor da nota técnica da Astrazeneca apontando que tinha necessidade de vacinas 55% da população até 95%”, explicou Francieli. “Depois veio o contrato fechado para que a gente se manifestasse sobre o grupo que deveria ser atendido com esse quantitativo.”
“Isso é muito grave. A decisão de compra não foi por critérios técnicos, e sim políticos”, concluiu Costa. “Quando analisamos a postura do governo, foi marcada por equívocos”, apontou o senador.
Humberto Costa frisou o fato de que o governo atrasou a chegada da Pfizer mas foi célere em comprar vacinas por intermediários, “com empresas sem qualquer idoneidade quanto à representatividade de laboratórios”.
Recomendação de vacinas
A gestora informou à comissão que seu departamento emitiu notas técnicas recomendando aquisição de vacinas como Pfizer e CoronaVac e até a Covaxin. Ela ressaltou que também solicitou dados sobre a eficácia e segurança da vacina indiana, hoje alvo de investigação por suspeita de um esquema de corrupção na compra do imunizante.
Fantinato afirmou que recomendou a aquisição da vacina em função da gravidade do cenário pandêmico e da necessidade de o governo acelerar as imunizações no país.
“Recomenda-se demandar à empresa fabricante o envio dos dados de eficácia e segurança já disponíveis. Recomenda-se ainda questionar a fabricante qual plano de atualização da vacina caso venha a se demonstrar redução da eficácia frente ao surgimento de novas variantes do SARS-CoV-2”, diz a nota lida pela servidora na oitiva.
Com informações de pt.org.br .
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