terça-feira, 13 de julho de 2021

Pobreza extrema: número de famintos triplica no governo Bolsonaro

Uma combinação explosiva de conflitos armados, efeitos climáticos extremos e crises econômicas decorrentes da pandemia do coronavírus, no último ano e meio, trouxe consequências devastadoras às populações mais vulneráveis do planeta. Relatório da organização internacional Oxfam revela que o fantasma da fome assombra o mundo com maior intensidade, com mais de 20 milhões de pessoas empurradas a um estado permanente de insegurança alimentar somente neste ano. Já são 155 milhões de pessoas atingidas em 55 países. No Brasil, sob o governo cruel de Bolsonaro, a extrema pobreza triplicou, disparando de 4,5% para 12,8%.

De volta ao Mapa da Fome: mais da metade de população, cerca de 116 milhões de pessoas, enfrenta algum tipo de insegurança alimentar no país


Mais da metade de população, cerca de 116 milhões de pessoas, enfrenta algum tipo de insegurança alimentar no país. Segundo o relatório da entidade, “os grupos desfavorecidos, incluindo negros, mulheres, pessoas que vivem em áreas rurais e indígenas, foram os mais atingidos no ano passado”. De acordo com a organização, “a pandemia resultou em um colapso social e econômico, aprofundando a crise da fome”.

“A pandemia de Covid-19 escancarou as desigualdades brasileiras e trouxe essa emergência da fome a milhões de pessoas no país”, disse Katia Maia, diretora executiva da Oxfam Brasil, em entrevista à revista CartaCapital.

A ONG destaca que a interrupção, e posterior diminuição da cobertura e do valor do auxílio emergencial pago pelo governo contribuíram para o agravamento do quadro. “Menos da metade delas poderá receber apoio dentro da nova ajuda emergencial aprovada em abril deste ano com um valor menor. Como resultado, mais pessoas serão empurradas para a pobreza extrema e a fome”, diz o texto da Oxfam.

Ainda segundo o documento da entidade, se a governança global não adotar medidas urgentes para conter o colapso social, as mortes por falta de alimentos crescerão ainda mais em 2021. “Se não for tomada nenhuma medida imediata, poderão morrer 11 pessoas por minuto até o final do ano de fome intensa”, adverte a Oxfam. A mortalidade atual é de cerca de sete pessoas por minuto. A entidade observa que o número de vítimas fatais por causa da fome está superando o de mortes por Covid-19 no mundo.

A fome crônica explodiu em um aumento de mais de 500% na Etiópia, Madagascar, Sudão do Sul e Iêmen. No fim de 2019, 84.500 pessoas estavam em situação de insegurança alimentar nestes países. Um ano e meio depois, já são 521,8 mil pessoas sem ter o que comer. Outros países também foram durante atingidos, como Afeganistão e Venezuela. 

No Sahel da África Ociental – Burquina Faso, Chade, Mali, Mauritânia, Níger, Nigéria e Senegal – a fome cresceu inacreditáveis 67%. “Os países mais dilacerados pelo conflito, como Burquina Faso e o norte da Nigéria, são os mais atingidos, e apenas no primeiro, os níveis de fome aumentaram em 213%”, descreve o relatório. 

“Apesar dos chamados para um cessar-fogo global para permitir que o mundo concentrasse sua atenção no combate à pandemia, os conflitos não diminuíram”, aponta a entidade, citando uma das causas mais agudas da crise.

Desigualdade na vacinação agrava fome mundial


A fome é uma consequência direta das desigualdades na distribuição das riquezas produzidas no planeta. A vacina, um dos bens mais cobiçados pelos países, também passou a ser mais um ingrediente deste caldeirão de insegurança alimentar crônica.

“A distribuição e o acesso desigual às vacinas contra a covid-19 – em grande parte, devido aos monopólios das empresas farmacêuticas e à inação dos países ricos – retardará qualquer recuperação econômica e tornará muito difícil que milhões de pessoas em todo o mundo escapem da fome e da pobreza”, prevê o documento da ONG.

O relatório da entidade apresenta dados estarrecedores sobre as consequências da lenta imunização contra a covid-19 nas nações pobres: “No ritmo atual, os países de baixa renda esperariam 57 anos para vacinar totalmente suas populações”, calcula a Oxfam. Por causa da pandemia, sustenta a Oxfam, mais 132 milhões de pessoas podem passar a enfrentar níveis extremos de insegurança alimentar com a perda de “empregos, rendas desestruturadas e problemas de saúde”.

Uma maneira de mitigar esses efeitos a curto e médio prazos, aponta a entidade, é a quebra de patentes das vacinas contra a Covis-19, bandeira defendida por líderes mundiais como o ex-presidente Lula.

“A menos que os países ricos deixem de manter sequestradas as fórmulas das vacinas, o vírus continuará se alastrando em países sem recursos suficientes, colocará milhões de vidas em risco e empurrará milhões de pessoas para o abismo”, alerta o documento da Oxfam.

“Não haverá fim para a fome, a menos que sejam tomadas medidas coletivas drásticas para acabar com as injustiças subjacentes a ela”, conclui a Oxfam, listando ações urgentes que precisam ser adotadas pelos governos para interromper o ciclo de miséria que produz a fome no mundo “e construir sistemas alimentares mais justos e sustentáveis, que funcionem para todas as pessoas”:

1 – Dar assistência emergencial para salvar vidas agora;

2 – Assistência humanitária para quem precisa;

3 – Forjar uma paz includente e sustentável;

4 – Sistemas alimentares mais justos, resilientes e sustentáveis;

5 – Liderança das mulheres nas soluções para a covid-19;

6 – Apoiar vacina para todos;

7 – Tomar medidas urgentes contra a crise climática.

Acesse o relatório completo aqui.

Com informações dept.org.br , Oxfam e CartaCapital

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