segunda-feira, 6 de novembro de 2023

Direitos Humanos: Desastre de mariana completa 8 anos com atingidos á mingua, denuncia MAB

Há exatos oito anos, no dia Cinco de novembro de Dois mil e quinze, acontecia em Mariana ( no Estado de Minas Gerais - MG ) um dos maiores crimes ambientais do mundo. O rompimento da barragem de Fundão, da mineradora Samarco, controlada pelas empresas Vale e BHP Billiton, provocou a morte de Dezenove pessoas e um aborto, deixou trezentos e cinquenta famílias sem casas e atingiu mais de um milhão de pessoas em Quarenta e seis municípios de MG e Espírito Santo ( ES ) .


Área afetada pelo rompimento de barragem no distrito de Bento Rodrigues, zona rural de Mariana, em MG

O episódio trágico também destruiu Mil quatrocentos e sessenta e nove hectares de vegetação e contaminou mais de setecentos quilômetros km do Rio Doce e trezentos quilômetros do litoral capixaba com cerca de Sessenta milhões de  metros cúbicos de rejeitos de minério. Apesar dos impactos ambientais e socioeconômicos gigantescos, os crimes até hoje seguem impunes.

Mas o que aconteceu de Dois mil e quinze até agora é quase tão absurdo quanto a ruptura da barragem. Foram mais de Duzentas e cinquenta reuniões sem resultados para as famílias, segundo o Movimento dos Atingidos por Barragens ( MAB ) .

Negociações entre governos de MG e ES e Ministério Público ( MP ) foram encerradas no ano de Dois mil e vinte e dois sem acordo de indenização. Samarco, Vale e a BHP Billiton se recusaram a pagar valores requeridos pelo Conselho Nacional de Justiça ( CNJ ) e se negaram a pagar indenização de danos futuros do desastre .

Nesses oito anos de disputa judicial, das Trezentas e cinquenta famílias que viram suas casas desaparecerem na lama, Duzentos e sessenta e duas sequer têm um prazo para receber suas novas moradias. Pelo menos Cinquenta e cinco pessoas já morreram sem ter suas casas reconstruídas, segundo o MAB .

A realidade mostra que as Oitenta e oito famílias que receberam suas casas estão em condições precárias de vida. Os atingidos apontam que a nova comunidade de Bento Rodrigues é um grande canteiro de obras, com máquinas, poeira e casas que já estão apresentando muitos problemas de estrutura, conforme divulgado pelo site do MAB .

E a cada ano o pesadelo se renova para os moradores das regiões atingidas com a contaminação com metais pesados que acontece na época das cheias, acabando com a pesca, com a agricultura familiar e destruindo comunidades tradicionais .

“ Oito anos depois não tem o que explicar a não ser a má fé das empresas ” , apontou Joceli Andrioli, um dos coordenadores do MAB em entrevista ao Jornal PT Brasil dia Vinte e dois de setembro. Com seu poder econômico, as mineradoras têm influência muito grande no judiciário brasileiro . “ Tanto que até agora ninguém foi condenado, ninguém foi preso por causa desse massacre em Brumadinho e Mariana ” , denunciou .

Diante desse cenário, os atingidos resolveram entrar com ação em Londres. São quase Setecentas mil pessoas, Quarenta e seis municípios e mais de Duas mil e quinhentas empresas, entidades e igrejas reivindicando o direito à reparação . “ É uma ação inédita no mundo, uma das maiores e que foi aceita pelo judiciário da Inglaterra, visto que a BHP Billiton tem a sede lá, ela tem uma filial aqui que remete os lucros ” , explicou Andrioli .

A Vale também está no processo com julgamento marcado para outubro de Dois mil e vinte e quatro. Há expectativa de condenação dos responsáveis fora do Brasil, o que será um aviso às transnacionais, segundo Andrioli, que afirmou que o Brasil não pode ser uma colônia que as empresas fazem o que querem e cometem crime sem pagar a conta .

UFMG atesta grave abalo da saúde mental dos atingidos


A dor dos sobreviventes diante da injustiça e da perda de suas casas leva muitos à depressão. Um estudo realizado pela Universidade Federal de Minhas Gerais ( UFMG ) revelou que a doença atinge cinco vezes mais os ex - moradores de Bento Rodrigues do que a média da população brasileira .

O transtorno de estresse pós - traumático é Doze vezes maior do que a média da América Latina e a ocorrência de estresse pós - traumático tem índice de Oitenta e dois por cento de crianças e adolescentes afetados diretamente pelo desastre. Já o transtorno de ansiedade generalizada foi diagnosticado em Trinta e dois por cento dos entrevistados, prevalência três vezes maior que a média brasileira, diz o estudo .

“ Entre os que continuam sem reparação, muitos desenvolveram doenças psíquicas e assistem às disputas na justiça sem direito à participação na construção do novo acordo de reparação ” , afirma Letícia Oliveira, da coordenação do MAB . “ Há estudos que mostram que muita gente está com metal pesado no sangue, fruto desse crime. A situação das famílias oito anos depois é de extremo abandono ” , relatou Andrioli .

‘Revida’ denuncia omissão e propagandas enganosas das mineradoras


A campanha ‘ Revida Mariana – Justiça para limpar essa lama ’ , foi lançada em setembro com apoio de mais de Cem entidades nacionais e internacionais com uma série de peças e vídeos produzidos para as redes sociais, imprensa e formadores de opinião com “ histórias do maior desastre socioambiental do país ” , diz o site www.revida.com.br .

Os vídeos podem ser baixados e compartilhados e trazem depoimentos que mostram o sofrimento de quem perdeu tudo. A campanha se contrapõe à Fundação Renova, criada pelas mineradoras para reparação dos danos mas que, além de não produzir resultados à altura das necessidades das vítimas, aparece em “ propagandas caras em horário nobre na principal rede de televisão ” e que causam indignação nos atingidos, conforme publicado no artigo “ Crime da Vale em Mariana: muita propaganda, mas nenhuma casa ” , no site Brasil de Fato .

“ As empresas criaram um esquema de propaganda para dizer que está tudo bem, que está tudo feito, que já indenizou todo mundo e isso é mentira ” , denunciou Andrioli, coordenador do Movimento Revida.

Luta por direitos acontece neste fim de semana no DF


A Jornada de Lutas do MAB pela garantia de direitos e reparação para as vítimas das barragens em todo o país começa neste sábado, Quatro de novembro de Dois mil e vinte e três, até Sete de novembro de Dois mil e vinte e três em Brasília ( no Distrito Federal - DF ), onde devem acampar cerca de Duas mil e quinhentas pessoas em caravanas de Vinte e dois Estados do Brasil. O objetivo é a aprovação da Política Nacional de Direitos das Populações Atingidas por Barragens ( PNAB ) para que o país tenha um marco regulatório que garanta os direitos dos atingidos por barragens .

“ A aprovação da PNAB é reconhecer que os atingidos são sujeitos de direito. Ainda não somos porque estamos à mercê da vontade das empresas mineradoras. A PNAB é importante demais também porque cria mecanismos de responsabilização ” , ressaltou Maria José Sodré, uma das coordenadoras do MAB em entrevista ao Jornal PT Brasil dia Primeiro de novembro de Dois mil e vinte e três .

Com informações da:

Agência PT de Notícias 

Nenhum comentário:

Postar um comentário