segunda-feira, 29 de junho de 2020

Epidemia: Rodovalho nega que citou governador de SC em conversas. Força-tarefa investiga compra de ventiladores mecânicos

As mensagens citando o governador do Estado de Santa Catarina ( SC ) Carlos Moisés da


Silva ( do Partido Social Liberal - PSL ) ( * vide nota de rodapé ) na negociação dos
duzentos ventiladores mecânicos comprados pelo Estado por trinta e três milhões de
reais com pagamento adiantado sem exigência de garantias foram negadas nesta terça-feira
( vinte e três de junho de dois mil e vinte ) pelo empresário Samuel Rodovalho.
Ele prestou depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito ( CPI ) dos ventiladores
mecânicos ( *2 vide nota de rodapé ) na Assembleia Legislativa do Estado de SC
( ALESC ) e chamou de “suposição errada” a menção a Silva na troca de mensagens.
Samuel Rodovalho
Rodovalho na CPI
( Foto : )


Foi em perícia nas conversas de WhatsApp de Rodovalho que a força-tarefa da Operação Ó Dois ( *3 vide nota de rodapé ) encontrou três menções a Silva, sempre em encaminhamentos de mensagens que Rodovalho recebia de César Augustus Thomaz Braga - diretor jurídico da Veigamed que está preso. As conversas embasaram a mudança do caso para o Superior Tribunal de Justiça ( STJ ) ( *4 vide nota de rodapé ) em função do foro de Silva. Em uma das mensagens, Rodovalho diz a outro empresário que “está na linha com o governador”.

- Fiz uma suposição errada que eles estavam falando com o governador. Braga me disse que estava em contato com o governo. Acredito que Silva não tem ciência, nunca me foi falado dele. Braga sempre me colocava que era o Fábio [ Guasti, da Veigamed ] que fazia contatos com o governo, sem citar o governador - explicou Rodovalho.

Rodovalho atuou na negociação como representante da empresa CIMA, que iria vender os ventiladores mecânicos para o Estado inicialmente. A venda não avançou pois, no dia trinta de março de dois mil e vinte, a CIMA comunicou que não tinha os equipamentos para pronta-entrega. Rodovalho disse na CPI que tratou sempre com Braga, da Veigamed, e nunca teve contato com representantes do governo de SC.

- Braga estava desesperado porque queria cumprir o contrato, queria os ventiladores mecânicos. Mas eu já não era mais o agente principal, eu não tinha mais os ventiladores mecânicos para fornecer. A partir do dia trinta de março de dois mil e vinte eu comecei a me distanciar. Eu já não tinha mais os equipamentos da CIMA - disse o empresário.

Com a saída da CIMA da negociação, a Veigamed seguiu o contrato com o governo e fechou o acordo nos primeiros dias de abril de dois mil e vinte. Questionado pelos deputados, Rodovalho relatou que avisou Braga no dia trinta de março de dois mil e vinte que não tinha mais os ventiladores mecânicos, no entanto o comunicado não teria sido repassado ao governo catarinense em tempo de suspender o negócio.

- Hoje eu vejo claramente que fui usado para fazer uma proposta. Não sabia que estaria envolvido em algo fraudulento - afirmou o empresário.

Rodovalho foi questionado, também, sobre conversas que teria no WhatsApp com Amândio João da Silva Júnior, atual chefe da Casa Civil ( CC ) de SC que assumiu o cargo após a exoneração de Douglas Borba ( *5 vide nota de rodapé ). O empresário disse conhecer Silva Jr. há mais tempo, e conversava com ele antes da negociação dos ventiladores mecânicos e antes de ele assumir o cargo no governo.

No entanto, uma imagem anexada ao processo mostra uma conversa em grupo envolvendo Rodovalho, Silva Jr. e mais duas pessoas. A chamada de vídeo teria ocorrido no final de abril de dois mil e vinte e, segundo a investigação, o assunto era o problema na compra dos ventiladores mecânicos. Rodovalho disse que o grupo conversava sobre outros assuntos.






CPI respiradores
Imagem mostra conversa em grupo envolvendo Rodovalho ( canto inferior direito ) e o agora chefe da CC, Silva Jr. ( canto superior esquerdo )
( Foto : )

Em nota, Silva Jr., diz que a foto é de uma reunião online sobre um projeto para fazer testes de coronavírus em Florianópolis ( Capital do Estado de SC ). Ele ainda afirma que isto aconteceu em vinte e dois de abril de dois mil e vinte, quando não exercia cargo público, e nega que tenha voltado a ter contato com Rodovalho.

Confira a nota na íntegra:

"A foto que faz referência a mim na CPI se trata de uma reunião via web para apresentação de um projeto de Drive Thru para testes do Covid-dezenove na cidade de Florianópolis, que também foi apresentada para a ACIF ( Associação Comercial e Industrial de Florianópolis ) e outras entidades empresariais em outras oportunidades, sem a minha presença. A foto é da data de vinte e dois de abril de dois mil e vinte. Um negócio privado, transparente e que acabou não acontecendo. Destaco que neste período eu não exercia qualquer cargo público e atuava, como minha vida inteira, na iniciativa privada. Desde vinte e dois de abril de dois mil e vinte nunca mais mantive contato com Rodovalho. Infelizmente a CPI busca, mais um a vez, desvirtuar os fatos".

P.S.:

Notas de rodapé:

* As mensagens citando Silva são melhor detalhadas em:

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