segunda-feira, 24 de maio de 2021

Energia: partido protocola petição no STF contra Câmara por contrariar Constituição

O Partido dos Trabalhadores, em petição protocolada nesta sexta-feira (21) no Supremo Tribunal Federal, endereçada ao ministro Alexandre de Moraes, denunciou que a Câmara dos Deputados continua a apreciar medidas provisórias diretamente no Plenário sem que passem pela deliberação de comissões mistas, contrariando assim o artigo 62, §9º, da Constituição Federal.

Câmara dos Deputados


Uma das medidas provisórias apreciadas- e já aprovada – é a MP 1.031/2021, que privatiza a Eletrobras, empresa estratégica para a geração de energia no País. Nesta semana, no dia 19, líderes de todos os partidos de Oposição com representação no Congresso Nacional apresentaram três ações no STF para tentar impedir a votação de MPs sem debate em comissões mistas.

No mesmo dia, o ministro Alexandre Moraes deu 48 horas para que as presidências da Câmara e do Senado prestassem “informações sobre o atual funcionamento das Casas Legislativas e suas comissões, especialmente para fins de análise de medidas provisórias”. Entretanto, como informa o PT na ação desta sexta-feira, a decisão de Moraes foi atropelada pela presidência da Câmara, ao pôr em pauta e votar três MPs, inclusive a que privatiza a Eletrobras.

Passando a boiada


O partido frisou que a aprovação de MPs sem debate em comissões foi autorizada pelo STF no ano passado somente quando se verificassem as excepcionalidades decorrentes do Estado de Emergência Sanitária e Calamidade Pública causadas pela pandemia de Covid-19.

De lá para cá, a situação mudou, com o fim do prazo de Estado de Emergência previsto no Decreto Legislativo nº 06/2020. As comissões permanentes da Câmara voltaram a funcionar e, além disso, foi instalado o Sistema de Deliberação Remota. Apesar disso, denuncia o PT, a Câmara mantém sistemática de votação que não submete as medidas provisórias à deliberação das Comissões Mistas.

Debate necessário


“O Partido dos Trabalhadores sustenta que o amplo debate nas Comissões Mistas, entre deputados e senadores, é essencial para o amadurecimento do assunto junto à sociedade brasileira, sobretudo em relação a atos imbuídos de natureza urgente e relevante, como é típico das medidas provisórias”, afirma o partido.

Na petição encaminhada a Alexandre de Moraes, o PT sustenta que “manter suprimida a análise das MPs pelas Comissões Mistas, sem que se verifiquem as excepcionalidades que justifiquem tal medida, representa afronta ao devido processo legislativo”.

líder do PT na CâmaraElvino Bohn Gass (RS), afirmou nesta semana que há ainda uma agravante: as MPs estão sendo apreciadas fora da ordem em que chegaram à Câmara. “Temos 31 MP’s em análise e 15 delas foram apresentadas antes da MP 1031 (da Eletrobras). Defendemos que essas medidas provisórias sejam analisadas na ordem cronológica em que foram apresentadas pelo governo”, ressaltou.

Mordaça na oposição

A apreciação de MPs sem debate se inserem num contexto autoritário criado a partir da mudança do regimento interno da Câmara, na semana passada.

O líder Bohn Gass, em artigo na Carta Capital, denunciou que o novo regimento amordaça a oposição e é um verdadeiro retrocesso autoritário e civilizatório imposto ao País pela base bolsonarista. Segundo ele, o regimento, aprovado sem debates em comissões temáticas, transformou a Câmara em “puxadinho do Palácio do Planalto” e garantiu que o presidente de extrema direita Jair Bolsonaro atravessasse a praça para se instalar na Casa do Povo, com o uso de métodos autoritários.

“Os métodos e objetivos são os mesmos. Autoritarismo, escárnio, deboche, estímulo ao uso da truculência, impunidade e projetos para desmontar o Estado brasileiro. Tudo para retirar direitos, calar as minorias, vender o patrimônio público a preço de banana e até mesmo alterar o mecanismo de participação popular na escolha de seus representantes, com a tentativa de volta do voto impresso”, escreveu o líder do PT.

Leia a íntegra da representação:

Recibo Pet 21.5.2021 (2)


Com informações de pt.org.br .

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