quinta-feira, 8 de julho de 2021

Corrupção: coronel trocava mensagens em negociação suspeita de 400 mi de doses de vacina

E mais um coronel surge em meio aos escândalos de corrupção do governo Bolsonaro… Conforme revelou o programa Fantástico, no domingo (4), a perícia no celular de Luiz Paulo Dominguetti mostrou que o dublê de policial militar e representante de vendas da Davati Medical Supplies costumava trocar mensagens com um tal de “Coronel Guerra” sobre a suspeitíssima negociação de 400 milhões de doses de vacina com o Ministério da Saúde.

Este é o coronel Guerra


Agora, reportagem da Agência Pública esclarece que se trata do coronel da Aeronáutica Glaucio Octaviano Guerra, militar da reserva que vem de uma família pra lá de suspeita, cheia de acusações de envolvimento em fraudes e de proximidade com as milícias do Rio de Janeiro.

O coronel Guerra tem dois irmãos. O mais novo é Glauco Octaviano Guerra, que segundo a Pública, é um ex-auditor fiscal preso em maio de 2020 numa operação do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) que investigava desvio de verba pública na aquisição de ventiladores para pacientes com Covid-19. Além disso, Glauco tem uma empresa, a MHS Produtos e Serviços, que ganha muito dinheiro fornecendo alimentos como sorvete de chocolate e leite condensado para as Forças Armadas. A empresa foi aberta em 2017 e, desde 2018, fechou 400 contratos de fornecimento, que renderam R$ 1,4 milhão.

Já o irmão mais velho do coronel é Cláudio Guerra, descrito pela Pública como “um ex-policial federal que já foi acusado de integrar a milícia do Rio de Janeiro, foi preso duas vezes e atualmente tem a aposentadoria cassada pelo Ministério da Justiça”. Cláudio, vejam só, é próximo de Fabrício Queiroz, o ex-assessor de Flávio Bolsonaro denunciado no esquema das rachadinhas. Cláudio e Queiroz, vira e mexe, curtem as fotos um do outro nas redes sociais.

“Tudo alinhado”


Completando esse trio de irmãos da pesada, surge agora o coronel Guerra, aparentemente envolvido até o pescoço na negociação de vacinas via a Davati. Nas mensagens enviadas por Dominguetti, que também citou Jair Bolsonaro em diferentes ocasiões, fica claro que o militar tinha meios para intervir junto a poderosos para ajudar a negociação a se concretizar.

Em uma das conversas reveladas pelo Fantástico, por exemplo, o PM diz: “Cel bom dia. Acredito que seria bom senhor dar uma ligada ao serafim. Estão bastante descontentes com a falta de comunicação. Estou tentando ajustar para não cair. Mas peço ao senhor essa disponibilidade para ajustar lá também”. O Coronel Guerra, então, responde: “Dominghetti, tá tudo alinhado”. A CPI da Covid ainda não sabe quem é “serafim”, que é citado em mais de um diálogo dos dois.

Outra conversa deixa claro que o coronel Guerra tinha contato direto com o dono da Davati, Herman Cardenas. “Bom dia. O Herman (s)e isolou das calls com a AZ (a CPI suspeita que a sigla AZ refere-se à AstraZeneca) desde quinta-feira. Acredito que ele esteja analisando a documentação”, escreveu para Dominguetti.

O coronel Guerra foi para a reserva em setembro de 2016, aos 46 anos. Hoje, mora nos Estados Unidos, onde abriu duas empresas. Sua participação na negociação das vacinas oferecidas ao Ministério pela Davati, aliada ao histórico de seus irmãos, um deles próximo de Fabrício Queiroz, acaba por aproximar o escândalo das vacinas ao caso das rachadinhas e às milícias cariocas. O quanto esses três pontos estão de fato conectados é algo que certamente a CPI da Covid poderá investigar.

Com informações de pt.org.br .

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