O presidente Lula comentou, nesta terça-feira (13), a situação de Cuba durante a pandemia de Covid-19 e pediu o fim do bloqueio econômico imposto à ilha há seis décadas pelos Estados Unidos. O comentário ocorreu durante entrevista à radio Bandeirantes, quando Lula foi questionado sobre uma manifestação ocorrida em Cuba no domingo (11) e repercutida por veículos de imprensa e canais de internet.
“O que está acontecendo em Cuba de tão especial? Houve uma passeata em Cuba. Aliás, numa das televisões a que eu assisti, o presidente de Cuba (Miguel Díaz-Canel) estava na passeata, conversando com as pessoas. Há razões de ter protesto em Cuba? Há. Cuba é um país que está empobrecido por conta de um bloqueio que é muito sério, são 60 anos de bloqueio. Nessa questão da pandemia, é desumano manter o bloqueio porque quem morre é criança, quem morre são os velhos, são pessoas que não estão em guerra”, afirmou. E acrescentou que a manifestação não foi reprimida com violência. “Você não viu nenhum soldado ajoelhado no pescoço de um negro matando ele”, disse Lula, lembrando a morte de George Floyd, nos Estados Unidos.
A manutenção do bloqueio, ao qual quase todos os países da ONU se opõem, se torna ainda mais desumano durante a pandemia, ressaltou Lula. “Cuba não conseguiu nem comprar respirador porque os americanos não permitiram que chegassem lá. Isso que é desumano. Isso é que a gente deveria estar criticando. Não tem problema pedir democracia em Cuba. O que precisa mudar é que os americanos precisam parar de ser rancorosos, precisam parar de ser donos do mundo e parem de fazer bloqueio, porque o bloqueio é uma forma covarde de você matar quem não está em guerra, uma forma covarde de você punir alguém de quem você não gosta. Vamos deixar os cubanos serem o que eles quiserem, deixar eles terem contato com quem eles quiserem. São 60 anos de bloqueio. Do que os Estados Unidos têm medo?”, indagou.
Segundo Lula, protestos contra um governo ocorrem no mundo todo e não devem ser usados como pretexto para interferência de um país em outro. “O que precisamos entender é o seguinte: os problemas de Cuba serão resolvidos pelos cubanos. Os problemas da Venezuela serão resolvidos pela Venezuela. Os problemas do Brasil serão resolvidos pelo Brasil. Não é necessária interferência internacional”, ressaltou, acrescentando estar decepcionado com a política externa adotada pelo presidente norte-americano, Joe Biden.
“Eu, sinceramente, queria dizer que estou frustrado com o comportamento do Biden. Porque o Biden fez um belo discurso voltado para o público interno, para se contrapor ao Trump, discurso que eu elogiei. Mas, do ponto de vista da política externa, o Trump tomou 240 medidas punitivas contra Cuba e o Biden não mudou nenhuma. Não é possível que o governo americano guarde tanto ódio no coração porque Cuba venceu a revolução. Deixe os cubanos viver a vida deles. Vamos parar com o bloqueio”, defendeu.
Lula apontou ainda que os norte-americanos adotam uma postura intervencionista em todo o mundo. “Os americanos têm de aprender a respeitar a autodeterminação dos povos. Da mesma forma que os americanos querem tomar a decisão que eles quiserem, sobre o que eles quiserem, como quiserem, eles têm de permitir que os cubanos façam isso, que os brasileiros façam isso, que os chineses façam isso, que a Alemanha faça isso. Os americanos estavam agora tentando impedir um gasoduto que a Alemanha está fazendo da Rússia para a Alemanha, para a Angela Merkel poder se livrar da energia nuclear. Que papel é esse dos Estados Unidos? Ninguém os elegeu xerife do mundo. Eu achei que o Biden ia usar a televisão ontem para anunciar que os Estados Unidos vão respeitar as resoluções da ONU e tirar as restrições à Cuba. É isso que ele deveria anunciar”, disse.
Ainda sobre esse tema, Lula foi questionado sobre o pedido de alguns manifestantes para ter mais acesso à internet. “Sou favorável à liberdade de imprensa. Mas é preciso saber: ela está sendo utilizada para quê? Pelo pessoal de Miami que está fazendo guerra com Cuba? Por um país tentando intervir no outro? Eu sei o que é isso. Hoje já está provado que, na campanha de 2018 (no Brasil), tinha fake news vindo de fora para dentro do Brasil. Isso já se sabe e não é possível a gente permitir isso, porque, se não, a democracia não será consolidada e não será respeitada. É preciso que a internet seja utilizada para o bem, para a democracia, para o exercício da liberdade e não para o exercício da mentira.”
Com informações de pt.org.br .
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