segunda-feira, 10 de abril de 2023

Massacre dos primogênitos: Um pedido de desculpas às crianças assassinadas em creche de SC

Houve um travamento de atonicidade. Como poucas vezes aconteceu com o colunista do jornal Diário Catarinense ( DC ), Ânderson Silva por assuntos de trabalho, foi uma manhã estagnada. Ficou travado no ponteiro das Nove horas da manhã deste Cinco de abril de Dois mil e vinte e três. Foi por volta disso que chegaram as primeiras notícias de crianças assassinadas cruelmente enquanto brincavam na creche em Blumenau ( na Região do Alto Vale do Itajaí ), no Estado de Santa Catarina ( SC ). Só pensei no meu filho, de quase três anos de idade. Depois começou a sentir dor, algo inexplicável. Percebeu que não há nada que descreva o que se vê hoje. Nada pode ser usado para transmitir a sensação de crianças mortas, seja qual for o motivo. Tente descrever, e verás que não há como.



Ataque a creche em Blumenau deixou quatro crianças mortas Tiago Ghizoni

Assim, veio a dor de pai: “Como não salvamos essas crianças? Como a nossa sociedade pode ter deixado isso acontecer?”. Como pai, só penso em proteger a todo instante. Quando não consigo, sinto muita dor, culpa. É por isso que nós, como sociedade, precisamos pedir perdão aos quatro anjos brutalmente levados por um assassino.

Falhamos, fomos ineficazes na proteção. Sabe-se lá se deveríamos ter aumentado a segurança, se deveríamos ter afastado o criminoso mais cedo. Só sei que precisamos no desculpar.

É um pedido de desculpas por não conseguirmos protegê-los enquanto eles brincavam, por permitirmos que um criminoso invadisse a creche onde todos brincavam para espalhar violência, por não deixarmos que eles voltem para casa no final de tarde no colo dos pais, por não termos evitado a crueldade chegar até crianças, por não deixarmos elas retirarem as mochilas penduradas na grade.

Quando o dia terminar, a dor será ainda maior. Porque seria a hora de as crianças chegarem em casa para brincar, assim como acontecia até ontem. Mas hoje não vai dar. Porque hoje falhamos, deixamos o terror prevalecer.

E disso, a gente como sociedade, não deve se perdoar. Hoje, nós falhamos. Hoje, nós perdemos.

Com informações de:


Ânderson Silva ( anderson.silva@nsc.com.br ) . 

Nenhum comentário:

Postar um comentário