terça-feira, 13 de julho de 2021

Tecnologia: EUA pressiona pelo banimento da chinesa Huawei do Brasil. Empresa implanta 5G

Sai o republicano Donald Trump e entra o democrata Joe Biden, mas a guerra comercial Estados Unidos-China continua, com repercussões sobre o incipiente mercado da tecnologia 5G no Brasil. A pressão norte-americana pelo banimento da chinesa Huawei do processo de implantação do 5G no país se intensificou nas últimas semanas, com recados explícitos para o primeiro escalão do desgoverno Bolsonaro.

Tecnologia 5G


Reportagem da Folha de São Paulo revela que o governo Biden já avisou as autoridades brasileiras que não aceitará a participação da Huawei no futuro mercado 5G do Brasil. A despeito da proposta do ministro das Comunicações, Fábio Faria, de construção de uma rede privativa de comunicações para órgãos oficiais brasileiros sem a presença da empresa chinesa.

Impedir a participação chinesa nas redes de 5G é uma das principais metas da diplomacia americana. O governo Trump arrancou concessões de Bolsonaro, como a assinatura de declarações pela segurança das redes que eram vistas como anti-Huawei.

Em linha com os interesses norte-americanos, Bolsonaro tentou barrar a Huawei. Os planos dele, no entanto, esbarraram no fato de a empresa já fornecer a maior parte dos equipamentos das redes 4G e 3G do Brasil e ter os menores preços. Também contou a pressão da bancada ruralista, que tem na China seu principal parceiro comercial.

A rede privativa foi a solução encontrada por Faria para apaziguar restrições de Bolsonaro à atuação da Huawei, satisfazer o os Estados Unidos e, ao mesmo tempo, não impedir a empresa de atuar no Brasil, o que traria prejuízo às operadoras de telecomunicação. Faria esperava resolver a situação liberando a participação da Huawei na implantação do sistema comercial, enquanto restringiria sua atuação na rede oficial privativa.

“Resolvemos o problema geopolítico com a rede privativa”, disse o ministro em entrevista à GloboNews, em junho. “Dentro dessa rede de comunicação segura, a gente colocou uma série de parâmetros e observações que fazem com que algumas empresas não possam participar, mas dentro do restante do Brasil a gente vai deixar para o livre comércio.”

Esqueceram de combinar com os “russos”, e Faria foi enquadrado no início de junho, enquanto liderava uma comitiva em Washington composta pelos senadores Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) e Ciro Nogueira (Progressistas-PI), além de dois ministros do Tribunal de Contas da União (TCU). Com o objetivo de conhecer as redes privativas de telecomunicações que operam em agências governamentais ianques, o grupo visitou empresas como Motorola, IBM e Nokia, e se reuniu com integrantes do governo americano.

Os Estados Unidos acusam a Huawei de espionar para o governo chinês, e insistem em seu banimento. Segundo a Folha, os americanos alegam que companhias ligadas ao regime chinês representam uma ameaça também às redes comerciais, uma vez que o 5G tem potencial de aumentar a conectividade atual nos mais diversos setores.

“Fornecedores não confiáveis”, como Huawei e empresas ligadas a Pequim, nas redes comerciais abriria brechas para interferências externas nos mais diversos segmentos da economia, entre eles os sistemas bancário e de transportes. Também haveria ameaça a sigilos comerciais de grandes empresas brasileiras.

Finalmente, Faria ouviu que a participação dessas firmas no 5G pode levar à revisão de investimentos ou à interrupção de cooperação em áreas sensíveis, como defesa e inteligência, com os EUA.

Chefe da CIA conversou sobre o assunto com Bolsonaro


Uma mostra de que a pressão será mantida foi dada no início de julho, durante a passagem por Brasília do chefe da CIA, William J. Burns. Embora a agenda tenha sido tratada como secreta, declarações de Bolsonaro e do diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, sugeriram que o assunto foi mencionado.

“O interesse do Brasil por (parte de) alguns poucos países é enorme. Alguns países dependem de nós, do que produzimos aqui. E esses países pensam 50, 100 anos à frente. E nós, aqui, infelizmente, quando muito, pensamos poucas semanas ou poucos dias depois”, disse Bolsonaro a apoiadores, em uma referência ao país asiático.

No início do ano, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) aprovou regras para o leilão de 5G no Brasil sem restrições para a Huawei como fornecedora de equipamentos. Mas a rede privativa veta a participação de empresas que tenham no quadro societário dirigentes ou donos que sejam filiados a partidos políticos – o que foi considerado por especialistas uma forma de barrar a participação de empresas chinesas.

Na ocasião, a Huawei evitou polemizar. “A rede privativa é dedicada para a comunicação do governo. Mas a rede comercial, para o público em geral, foi aprovada com uma regra sem restrições para a Huawei. Tudo agora vai depender das condições comerciais e de mercado. Temos uma boa participação de mercado, e nossos equipamentos permitem uma evolução do 4G para o 5G”, afirmou Sun Baocheng, há pouco mais de um ano à frente das operações da empresa no Brasil.

Sun Baocheng também disse que a pressão dos Estados Unidos sobre o Brasil — e o mundo — para banir a empresa das redes de telecomunicações e do 5G não é nova nem direcionada apenas a companhias chinesas. Ele acusa os americanos de usarem esse método contra qualquer corporação e país que ameace sua liderança no cenário internacional.

“Essa tentativa de restrição à Huawei por parte dos EUA ocorre por causa da nossa tecnologia avançada. Somos líderes mundiais, e não apenas no 5G. Os Estados Unidos não atacam apenas a Huawei ou a China. Qualquer um que tiver a tecnologia mais avançada sofrerá o mesmo tipo de ataque”, afirmou o executivo.

Com informações de pt.org.br .

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