O Corpo de Bombeiros Militar ( CBM ) da Secretaria de Estado da Segurança Pública ( SSP ) de Santa Catarina ( SC ) reuniu, nesta quinta-feira, vinte e um de maço de dois mil e dezenove, os militares e os cães de busca que atuaram nas buscas em Brumadinho ( MG ), para uma coletiva de imprensa, realizada no Centro de Ensino Bombeiro Militar ( CEBM ), em Florianópolis.
O comandante-geral ( CG ) do CBM, coronel Edupércio Pratts, relatou como se deu a mobilização da corporação para atuação Brumadinho e destacou o papel do CBM na resposta ao desastre.
“A missão em Brumadinho não terminou. Nós recebemos, nesta quarta-feira, vinte de março de dois mil e dezenove o pedido do CG de Minas Gerais ( MG )para que o suporte do CBMSC seja mantido. Porém, fizemos questão de prestar contas sobre tudo o que já foi feito até a manhã de hoje, vinte e um de março de dois mil e dezenove. Os resultados continuarão aparecendo, nós continuaremos atuando, mas a partir de agora mais pontuais, seguindo a necessidade do CBMMG”, esclareceu.
Também prestaram esclarecimentos na coletiva de imprensa o subcomandante-geral, coronel Charles Alexandre Vieira e o tenente coronel Walter Parizotto, coordenador das forças-tarefa.
Esta quinta também foi de homenagens na Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina ( ALESC ). O deputado estadual Onir Mocellin propôs a entrega de uma moção de aplauso ao CBMSC, em especial aos agentes que atuaram em Brumadinho.
Acionamento em Brumadinho
No dia vinte e cinco de janeiro, o rompimento de uma barragem afetou drasticamente a cidade de Brumadinho ( MG ), e também mudou a rotina do CBMSC, com um pedido de ajuda.
O ofício, vindo do CG do CBMMG, no dia vinte e nove de janeiro, solicitou auxílio com o envio de agentes especializados em intervenções em áreas deslizadas. O governador do Estado de SC, Carlos Moisés da Silva, prontamente assinou a ordem de missão e permitiu que as forças-tarefa do CBMSC se deslocassem para MG.
“A partir de uma experiência que nós já temos, de operação, nós sabemos que em locais onde há desastre o envio de tropas e de apoio deve ser combinado com quem está no destino, até para que não se leve para aquela região mais um problema, de gestão de acomodações. Aguardamos o sinal daquele Governo, colocamos o apoio à disposição. Depois de algum tempo eles nos solicitaram que o apoio fosse iniciado”, declarou Silva.
O início dos trabalhos
No dia trinta de janeiro, a primeira equipe chegou a Brumadinho e os trabalhos foram iniciados, com estudo de área, reconhecimento do local com os cães para analisar a situação e traçar a estratégia a ser empregada junto com o CBMMG. A situação era difícil, por conta do terreno totalmente alagado e instável.
“Nas primeiras horas o CBMMG nos colocou a par da operação e repassou recomendações importantes a respeito de segurança. Na chegada ficamos impressionados com a dimensão daquele cenário, a quantidade de lama, a dificuldade de nos locomover nos locais, mas traçamos as estratégias e fizemos o nosso melhor”, recordou o capitão Clemente Michels.
No dia seguinte, trinta e um de janeiro, logo nas primeiras horas de trabalho em campo, o cão Hunter, tutoreado pelo cabo Fumagalli, foi acionado para as buscas e em pouco tempo encontrou o primeiro corpo.
“Na primeira hora de trabalho o Hunter conseguiu realizar uma indicação. Lembro que no local tinha muita lama, a gente não conseguia visualizar a vítima e nem tinha acesso, mas o cão a todo momento indicando, com a mudança de comportamento dele, que naquele local havia uma vítima submersa na lama. Com muita dificuldade montamos toda a estrutura para acessar, após muitas horas de trabalho conseguimos retirar o corpo. A partir desse momento o cão começou a se adaptar ao local, ao trabalho e outras fez outras indicações”, conta Fumagalli.
Buscas com os cães
Um dos destaques de atuação nesta missão, os cães do CBMSC são reconhecidos e certificados internacionalmente e os cuidados com os animais são tão importantes quanto com os humanos.
Além dos tutores terem noções de primeiros socorros caninos, para a atuação em Brumadinho foi desenvolvida, pela Coordenadoria de Busca, Resgate e Salvamento com Cães ( CBRSC ), uma cartilha ilustrada com orientações de prevenção, indicando exercícios de aquecimento antes das atividades, além de massagens para recuperação muscular e anti estresse para os animais. Os tutores também foram orientados sobre os suplementos vitamínicos, vacinas e produtos que devem ser utilizados antes e depois da atuação.
Em mais de cinquenta dias de missão apenas dois cães necessitaram afastamento. Iron, que passou por uma pequena cirurgia de remoção de um espinho na pata dianteira e Barney, que teve constatadas pequenas alterações nos exames diários e assim ele foi retirado da missão nos últimos dias, por precaução, sem prejuízos para a saúde do animal.
O CBMMG montou uma estrutura completa para atendimento dos cães com veterinários, hospital de campanha, exames, laboratório e todos os dias os animais foram higienizados e assistidos. Além disso, o CBMSC também manteve o acompanhamento da saúde dos Labradores com os médicos veterinários soldado Josclei Tracz, tutor do cão Iron e soldado Andreza Amorim Moraes.
Os cães passarão por uma nova bateria de exames, com coleta de sangue e análise laboratorial.
Atividades
Durante os dias de trabalho, os militares catarinenses realizaram mapeamentos das áreas, criaram estratégias para a busca de vítimas, aplicando os conhecimentos desenvolvidos em SC. Além disso, o CBMSC também realizou desmanches manuais e hidráulicos, procedimento de retirada de água ou lama, para facilitar o trabalho ou acesso ao local afetado e identificação de documentos.
Foram encontradas dezessete vítimas, além de centenas de segmentos de corpos, encaminhados para que sejam feitos exames de ácido desoxirribo nucleico ( DNA - sigla em inglês ) para identificação. Também foram encontrados um container frigorífico, tratores, veículos, maquinários e animais vivos.
“Com o passar do tempo, mais difícil ficaram as buscas aos corpos no local e consequentemente demandou mais estratégia e o serviço de cães”, relatou Parizotto.
Drones
As equipes técnicas de intervenções em áreas deslizadas também realizam as buscas com drones. SC foi o único Estado – além de MG – a realizar as buscas no local utilizando os veículos aéreos não tripulados ( VANTs ) e pilotadas remotamente. O CBMSC usou três drones, com três pilotos para o local. Os pilotos catarinenses são certificados pela corporação, que tem curso próprio para busca utilizando os equipamentos.
Saúde dos profissionais
A saúde dos agentes que foram deslocados para a missão será monitorada por meio de exames laboratoriais, realizados pelo Laboratório Central de Saúde Pública ( LACEN ), em uma parceria entre o CBMSC e a Secretaria de Estado da Saúde ( SES ).
Por terem passado longos períodos em contato com lama e rejeitos de mineração, é importante examinar para diagnosticar possíveis índices elevados de metais no sangue.
“Depois de devidamente orientados pelo Ministério da Saúde ( MS ) e autoridades do Estado de MG, as SESs estão disponibilizando a coleta e a análise laboratorial de sangue. Depois destes resultados poderemos traçar uma estratégia de cuidados de saúde”, esclareceu o Secretário d da SES de SC, Helton de Souza Zeferino.
“A saúde dos profissionais que participaram da operação Brumadinho é uma preocupação da corporação e seguirá monitorada”, afirmou o coronel Edupércio Pratts, comandante-geral do CBMSC.
Além dos exames, que começaram no dia dezoito de março, haverá também suporte psicológico. A partir destas primeiras avaliações, os militares que necessitarem de apoio terão acompanhamento continuado.
“O acompanhamento da saúde dos agentes deve ser realizado, por isso, logo no início da Operação Brumadinho, buscamos parceria com a SES para viabilizar os exames necessários”, destaca Vieira.
Dados da missão Brumadinho:
Organização das Forças-Tarefa: início vinte e sete de janeiro
Assinatura da ordem de Missão por Silva: vinte e nove de janeiro
Agentes deslocados para o local: quarenta e três
Equipes de Força-Tarefa deslocadas: quatro
Cães: sete
Equipamentos: quatro viaturas de busca, três VANTs ( com três pilotos ), um caminhão de ajuda humanitária, um ônibus para traslado
Com informações do CBMSC.
Outras informações adicionais para a imprensa podem ser obtidas com Melina Cauduro na Assessoria de Comunicação Social ( ASCOM ) do CBMSC pelo telefone número ( 48 ) 9 8843-4427.
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