segunda-feira, 10 de julho de 2023

Reforma tributária: Bolsonaristas de SC votam contra e perdem

Com Onze votos contrários à Reforma Tributária entre os Dezesseis deputados da bancada de catarinenses na Câmara dos Deputados ( CD ), o Estado de Santa Catarina ( SC ) contrariou a tendência na CD, onde o texto teve uma vitória acachapante de trezentos e oitenta e dois a Cento e dezoito votos. Mas não só. A maioria dos parlamentares catarinenses também votou na contramão do que esperava o setor econômico no Estado.

Votação da Reforma Tributária ( foto : Zeca Ribeiro, Divulgação Câmara )

O repórter Jean Laurindo, do jornal Diário Catarinense ( CD ), procurou as entidades empresariais de SC antes da votação. Os posicionamentos favoráveis à Reforma incluíam, por exemplo, a Federação das Associações Empresariais de SC ( FACISC ) e a Federação das Indústrias do Estado de SC ( FIESC ), que ressaltou a urgência do tema. A Fecomércio também se manifestou favorável à Reforma, embora tivesse ressalvas em relação à tributação do setor de serviços.


O próprio governo de SC estava otimista com a Reforma Tributária. O Secretário de Estado da Fazenda ( SEF ), Cleverson Siewert, participou de uma série de reuniões com secretários do Sul e Sudeste para ajustar pontos de preocupação. Os governadores das duas regiões – Jorginho dos Santos Mello ( do Partido Liberal - PL ) incluído – formaram uma “tropa de choque” para buscar alterações no conselho que vai definir a distribuição dos impostos arrecadados, e conseguiram mudanças no texto original.


A senha para a mudança de posicionamento de SC foi dada por Mello ao publicar um vídeo nas redes sociais, pouco antes da votação, em que se disse contrário ao texto. Um dia antes ele havia conversado com o ex-presidente da República Jair Messias Bolsonaro ( PL ) em Brasília.


Bolsonaro ficou isolado na oposição ao projeto. Ao segui-lo, o governo e a maioria da bancada de SC foram pelo mesmo caminho. Articulada pelo poderoso presidente da Câmara dos Deputados ( CD ), Arthur Lira ( do Partido Progressista - PP ), a reforma alcançou consenso sob a premissa de que é uma proposta de país, não de governo.


A votação expressiva de Bolsonaro no Estado, e o fato de que o próprio Mello e muitos parlamentares devem a eleição a Bolsonaro os coloca em uma rédea curta. Sob pressão, e com receio da pecha de traição, prevaleceu a fidelidade – ainda que o poder de fogo de Bolsonaro, agora inelegível, ainda seja uma incógnita. A votação pode ter sido um divisor de águas na direita brasileira.


Ocorre que, desta vez, não estava em jogo a pauta ideológica – mas uma reforma que o país aguardava há mais de Trinta anos, e que foi referendada pelo setor econômico. Entre as entidades empresariais do Estado de SC e Bolsonaro, SC ficou com o segundo. E perdeu.

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