O homem que matou quatro crianças no ataque à creche Cantinho Bom Pastor ( CBP ), em Blumenau ( na Região do Alto Vale do Rio Itajaí, no Estado de Santa Catarina - SC ), vai responder por quatro homicídios consumados e por outros cinco tentados, todos eles quadruplamente qualificados.
Creche retornou as atividades nesta segunda-feira ( Dezessete de abril de Dois mil e vinte e três ) ( Foto : Talita Catie / Santa )
As qualificadoras dos crimes são motivo torpe, uso de meio cruel, impossibilidade de defesa da vítima e prática contra menores de Quatorze anos de idade.
A conclusão do inquérito da Polícia Civil do Estado de SC ( PCSC ) sobre o caso foi anunciada em coletiva de imprensa nesta segunda-feira ( Dezessete de abril de Dois mil e vinte e três ), Doze dias após o ataque e quando foram retomadas as aulas na creche CBP.
A investigação agora será repassada ao Ministério Público do Estado de SC ( MPSC ), que poderá dar andamento ao caso ao oferecer denúncia na Justiça.
Ao traçar um perfil do agressor e esclarecer as motivações do caso, o Delegado de Polícia Ronnie Reis Esteves, coordenador da Divisão de Investigação Criminal ( DIC ) em Blumenau, afirmou que o assassino se tornou usuário de cocaína há três anos e, por conta disso, passou a ter alucinações, o que se repetiu na ocasião em que criou uma narrativa na própria cabeça que teria motivado o ataque.
Foram identificados cocaína e álcool no organismo dele, mas não há confirmação sobre a quantidade e se houve uso no dia do ataque.
O assassino disse à PCSC que queria mostrar coragem com o ato. O agressor ainda afirmou à PCSC que não se arrependeu e que, se pudesse, teria feito novamente.
— É uma pessoa que não tem condição alguma de viver em sociedade. E nenhuma punição vai reparar o que ele fez — disse Esteves.
Esteves afirmou que o agressor ainda tentou apontar um policial da Polícia Militar do Estado de SC ( PMSC ) como suposto mandante do ataque, o que foi refutado pela investigação e pelo próprio assassino posteriormente.
Esse policial, ouvido pela investigação, treinava na mesma academia do assassino, mas sequer o conhecia.
Além de policial, ele é competidor de jiu-jitsu e, segundo a PCSC, era visto com admiração pelo assassino e foi colocado em uma narrativa alucinada como uma figura de coragem e um rival.
O delegado Rodrigo Raitez, também da DIC em Blumenau, afirmou, ao detalhar a dinâmica do crime, que o assassino disse ter cogitado o ataque em outras duas escolas de Blumenau no dia do ocorrido, mas teria desistido devido aos muros serem altos.
"Tendências esquizofrênicas"
Também presente na coletiva, o Delegado-Geral ( DG ) da PCSC, Ulisses Gabriel, afirmou que a divulgação de notícias falsas sobre supostos novos ataques desde o caso de Blumenau atrapalhou o trabalho das autoridades.
Reforçou ainda que o que chamou de tendências esquizofrênicas do agressor não irá torná-lo impune. Ainda não há um laudo consolidado sobre as condições mentais do agressor.
— Independentemente de o cidadão ter um problema psicológico, isso não enseja qualquer impunidade. Pelo contrário, ele será punido severamente pelos crimes que praticou.
Gabriel ainda falou sobre um ataque a faca do mesmo agressor contra o próprio padrasto ocorrido em Dois mil e vinte e um, com lesões no pescoço, no rim e na axila.
Ele não foi incriminado por tentativa de homicídio na ocasião, no entanto, devido ao padrasto não querer levar o caso à frente, segundo afirmou Gabriel.
O chefe da PCSC disse que é necessário que a vítima faça exame de corpo de delito em situações assim, o que o padrasto se negou a fazer. A investigação do ocorrido acabou encerrada como se tratasse de uma lesão corporal leve.
Gabriel ainda falou sobre um pedido de medida protetiva que o padrasto teria feito contra o assassino que não foi atendido, conforme revelou reportagem do Portal Universo On Line ( UOL ).
Segundo Gabriel, o Estado recebeu, só em Dois mil e vinte e um, Cento e cinquenta mil trezentos e vinte e três ocorrências de ameaça, que são investigadas em sua maioria. Afirmou ainda que o padrasto trouxe a história à tona devido ao que tratou como algum peso na consciência.
Além disso, Gabriel afirmou que a perícia no celular do agressor descartou participação dele em células neonazistas ou grupos de ódio. Disse que o assassino participava de um grupo no Facebook sobre satanismo, mas descartou que integrasse alguma seita.
Também estiveram na coletiva a Perita-Geral ( PG ) da Polícia Científica ( PC ) no Estado, Andressa Boer Fronza, o superintendente regional da PC de Blumenau, Tiago Luchetta, os subcomandantes-gerais ( SCG ) da PMSC e do Corpo de Bombeiros Militar ( CBM ) de SC ( CBMSC ), Alessandro José Machado e Reinaldo Onofre Laureano Júnior, respectivamente, e a Secretaria-Adjunta ( SA ) da Secretaria de Estado da Educação ( SED ), Patrícia Lueders.
As crianças mortas
Bernardo da Cunha Machado: "Intelegente e dedicado, menino morto na creche CBP conquistava por simpatia e educação".
Bernardo Pabst da Cunha: "Dizia que ia salvar o dia": o adeus a Bernardo , morto na creche CBP.
Larissa Maia Toldo: "Iluminou nossas vidas". dor ou saudade marcam despedida a menina morta na creche CBP`.
Enzo Marchesin Barbosa: Adotado por duas mães, menino morto na creche CBP faria Cinco anos de idade.
Relembre o caso
O crime ocorreu em Cinco de abril de Dois mil e vinte e três, no Centro de Educação Infantil ( CEI ) CBP, localizado na Rua dos Caçadores, bairro Velha, em Blumenau. Um homem de Vinte e cinco anos de idade invadiu a creche e matou quatro crianças.
O assassino teria chegado sobre uma motocicleta, pulado o muro e atacado com uma machadinha as crianças que estavam em um parque nos fundos da unidade. Ele foi preso na sequência ao se entregar no Batalhão da PMSC.
As crianças assassinadas durante o ataque ao CEI CBP foram identificadas como Bernardo Cunha Machado, de Cinco anos de idade, Bernardo Pabst da Cunha, de Quatro anos de idade, Larissa Maia Roldo, de Sete anos de idade e Enzo Marchesin Barbosa, de Quatro anos de idade.
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