segunda-feira, 10 de abril de 2023

Massacre dos primogênitos: o calafrio da perda e a busca por motivações do crime; 4 crianças morrem e 5 ficam feridas em creche de SC

Não importa que idade tenham os filhos do leitor. A simples ideia de perdê-los traz um calafrio na espinha, um aperto no estômago, um vazio gelado. Dizem que eles são o coração batendo fora do peito. Imagine-se, só por um instante, ter esse coração arrancado num golpe.



Ataque a creche ocorreu na manhã desta quarta-feira ( Cinco de abril de Dois mil e vinte e três ) e deixou quatro mortos ( Foto : Felipe Sales / NSC TV )

Quatro famílias no Estado de Santa Catarina ( SC ) perderam nesta quarta-feira ( Cinco de abril de Dois mil e vinte e três ) seus pequenos tesouros em uma tragédia inexplicável. Quatro crianças que foram levadas à creche pela manhã e não voltarão para casa no fim do dia. Nunca mais.

A dor da perda de um filho é de uma violência tão brutal que inspirou mitos e histórias ao longo do tempo. Inverte a lógica, desafia o curso natural da vida. Uma dor tão profunda e desumana que até mesmo o exercício de empatia, de se projetar no lugar de quem perdeu uma criança, é excessivamente difícil. É um lugar em que nenhum pai ou mãe ousa se colocar, nem por um segundo.

No jornalismo, quando trabalha-se na coberturas de crimes de grande repercussão, uma das perguntas incontornáveis é sobre a motivação - e não se trata de justificar, mas de puxar o fio narrativo de uma história invariavelmente trágica. Mas, num caso como esse, esta pergunta soa vazia, quase medíocre. Que motivação poderia levar a um crime tão atroz e monstruoso?

Mais trágico ainda que o horror catarinense ocorra no dia da Páscoa judaica ( a poucos dias da Páscoa cristã ), uma data simbólica para as famílias - especialmente as que têm crianças pequenas, com seus coelhinhos e chocolates.

Na tradição judaica é também o momento de rememorar a libertação de um povo que vivia em escravidão ( a um preço alto de um massacre de primogênitos na véspera ). Na tradição cristã ( que rememora a última Páscoa de Cristo e a crucificação de outro primogênito ), é também o momento em que muitos pais egípcios choraram a morte de seus primogênitos e uma mãe, Maria, viu o filho, Jesus, entregue à morte pelas mãos de seus algozes. As mães dos pequenos blumenauenses assassinados em um ataque covarde sentem agora a dor maior, aquela que nem nos piores pesadelos ousa-se tocar. Que tenham forças para seguir em frente.

Com informações de:

Dagmara Spautz ( dagmara.spautz@nsc.com.br ) . 

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