terça-feira, 18 de abril de 2023

Massacre dos primogênitos: Padrasto de assassino de creche em SC não denunciou o enteado por lesão corporal, diz polícia

Entre as informações reveladas pela Polícia Civil do Estado de Santa Catarina ( SC ) ( PCSC ) nesta segunda-feira ( Dezessete de abril de Dois mil e vinte e três ) sobre o homem que matou quatro crianças na creche Cantinho Bom Pastor ( CBP ) de Blumenau ( na Região do Alto Vale do Itajaí, no Estado de SC ), dia Cinco de abril de Dois mil e vinte e três, chama atenção a justificativa apresentada para ele não ter sido investigado após esfaquear o padrasto. O crime anterior, ocorrido em março de Dois mil e vinte e um, tem sido citado em críticas às autoridades por suposta inércia diante de sinais de perigo. Segundo o Delegado-Geral ( DG ) da PCSC, Ulisses Gabriel, o caso não foi adiante porque a vítima não quis.



Delegado-geral da Polícia Civil do Estado de SC disse que padrasto assinou documento declarando não ter interesse na investigação. Foto : Divulgação

No dia Primeiro de março de Dois mil e vinte e um, o homem havia ferido o padrasto com golpes de faca. Depois do crime, de acordo com o relato de Gabriel, o agressor tomou a mesma atitude que no caso da creche CBP: procurou uma guarnição da Polícia Militar do Estado de SC ( PMSC ) e confessou o crime. O boletim de ocorrência ( BO ) foi registrado pela PMSC.

A Polícia então chamou a vítima à delegacia. O padrasto teria negado submeter-se aos exames para verificar as lesões causadas. E comunicou não ter interesse em levar o caso adiante.

— Ele declarou em documento assinado. Disse que, como ele ( o enteado ) passaria por um atendimento numa internação, não queria fazer mais nada — afirmou Gabriel.

Sem elementos para prosseguir com a investigação, a PCSC teria ficado de mãos atadas. A coluna conversou com o advogado criminalista Ricardo Wippel. Para ele, os investigadores de fato não teriam como concluir o caso sem a colaboração da vítima. O exame de corpo de delito indicaria a gravidade das lesões e, a partir daí, qual o crime cometido: lesão corporal leve, grave ou tentativa de homicídio.

— Se a vítima não quis fazer o exame, a Polícia não tem como ter ciência da extensão das lesões para poder encaminhar ao Ministério Público do Estado de SC ( MPSC ) — avaliou.

Gabriel estimou que, só em Dois mil e vinte e três, mais de Oitenta mil casos de ameaças e lesões corporais foram registrados em SC. Ele citou o número para dar dimensão do tamanho da demanda de investigações. E para indicar que, num cenário assim, as apurações sem viabilidade de seguir adiante precisam ser deixadas de lado.

Ao Portal Universo On Line ( UOL ), o padrasto do assassino disse que mudou-se de Blumenau para São Paulo ( SP ) por medo do enteado. O homem disse que era ameaçado com frequência pelo jovem, depois de tê-lo expulsado de casa devido ao uso de drogas.

Cocaína

A Polícia também informou nesta segunda-feira ( Dezessete  de abril de Dois mil e vinte e três ) que o exame toxicológico indicou a presença de cocaína no corpo do assassino. Porém, ainda é preciso aguardar o laudo de um segundo exame para elucidar se ele estava sob o efeito de drogas no momento do crime ou se o consumo havia ocorrido no dia anterior.


Com informações de:

Evandro de Assis ( evandro.assis@nsc.com.br ) . 

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