quinta-feira, 8 de outubro de 2020

Tecnologia: pesquisa e desenvolvimento como tarefas centrais da administração

No entanto, o perigo maior é que a ilusão de que é possível prever os impactos da nova tecnologia leve a menosprezar a tarefa realmente ao menosprezo da tarefa realmente importante. Pois a tecnologia efetivamente produz impactos bastante sérios, tanto benefícios quanto prejudiciais. Eles não requerem profecia; requerem profecia; requerem o monitoramento cuidadoso do impacto real de uma tecnologia quando ela se torna efetiva. Em mil novecentos e quarenta e oito, ninguém viu corretamente os impactos do computador. Passados cinco ou seis anos, já se poderia e deveria saber. Aí já seria possível dizer: "Qualquer que seja o impacto tecnológico, social e economicamente, ele não representa uma grande ameaça.". Em mil novecentos e quarenta e três, ninguém poderia prever o impacto do Di-Cloro-Di-Fenil-Tri-Cloro-Etano ( DDT ). Passados dez anos, o DDT se tornara uma ferramenta mundial de agricultores, silvicultores e criadores de gado, e, como tal, um fator ecológico importante. Então, pensando sobre quais ações poderiam começar a ser tomadas, deveria ter início um trabalho de desenvolvimento de pesticidas sem os grandes impactos ambientais do DDT e já deveriam ser enfrentadas as difíceis escolhas entre a produção de alimentos e danos ambientais ( que nem o uso ilimitado nem a atual proibição total do DDT levam suficientemente em conta ).


O movimento da tecnologia é uma tarefa séria, importante e realmente vital. Mas não é profecia. A única coisa possível no que diz respeito à nova tecnologia é especular com cerca de uma chance em cem de estar certo ( e uma probabilidade muito maior de causar dano incentivando a nova tecnologia errada, ou desestimulando a mais benéfica ). Na verdade, o que precisa ser observado é a tecnologia em desenvolvimento, ou seja, a tecnologia que já teve impactos substanciais, suficientes para serem julgados, medidos e avaliados.


O monitoramento de uma tecnologia em desenvolvimento, por seus impactos sociais, é, acima de tudo, responsabilidade gerencial.


Mas o que deve ser feito quanto tal impacto for identificado? Em termos ideais, ele deve ser eliminado. Em termos ideais, quanto menores forem os impactos, menores serão os custos incorridos, sejam os custos reais da empresa, as externalidades ou os custos sociais. Em termos ideais, portanto, as empresas começam com o compromisso de converter a eliminação destes impactos em oportunidades de negócio.


O problema desaparece onde isto consegue ser feito, ou melhor, onde ele se torna um negócio lucrativo e do tipo de contribuição pela qual a empresa e o empresário estão sendo devidamente pagos. Mas onde isto não é possível, a empresa deveria ter aprendido, em função dos últimos sessenta anos, que é sua tarefa pensar que tipo de regulamentação seria mais apropriada. Cedo ou tarde, o impacto se torna insuportável. De nada serve ouvir de alguém do departamento de relações públicas de uma empresa que o público não se preocupa com o impacto e que, na verdade, ele reagiria negativamente contra qualquer tentativa de se lidar com isto. Cedo ou tarde, acaba ocorrendo um escândalo. A empresa que não trabalhou na antecipação do problema e em encontrar a solução correta, ou seja, a regulamentação correta, acabará estigmatizada e penalizada ( em com razão ).


Isto não é uma coisa popular para ser dita. A coisa popular seria afirmar que os problemas são óbvios. Eles não são. Na verdade, qualquer um que tivesse pedido uma regulamentação para cortar a poluição do ar das usinas de geração elétrica, há sessenta ou até mesmo cinquenta anos, teria sido atacado como inimigo do consumidor e como alguém que, em nome do lucro, queria tornar a eletricidade mais cara ( de fato, esta foi a atitude das comissões de regulamentação quando o problema foi trazido para sua atenção por algumas companhias de eletricidade ). Quando a Ford Motor Company introduziu o cinto de segurança no início dos anos cinquenta, quase perdeu o mercado. E as companhias farmacêuticas são fragorosamente trucidadas pela profissão médica toda vez que, timidamente, apontam que as novas drogas de alta potência requerem um pouco mais de conhecimento de farmacologia, biologia e bioquímica do que a maioria dos médicos poderia esperar ter à sua disposição.


Mas Peter Ferdinand Drucker, já na época, dizia acreditar que estes exemplos também traziam a questão de que a atitude de relações públicas era totalmente inapropriada e que, na verdade, era autodestrutiva. Eles traziam à tona o fato de que o desprezo dos impactos e a disposição em aceitar que ninguém está preocupado com isto em um prazo não muito longo acabam penalizando muito mais seriamente a empresa do que a disposição em ser impopular poderia ter feito.


Portanto, no monitoramento da tecnologia o empresário não tem apenas de organizar um sistema de alerta precoce para identificar impactos, especialmente aqueles não pretendidos e não previstos. Ele, depois, precisa passar a trabalhar na eliminação destes impactos. Drucker até repetia, a melhor maneira seria tornar a eliminação destes impactos uma oportunidade para negócios lucrativos. Mas se isto não puder ser feito, seria mais sábio pensar na necessidade de regulamentação pública e começar logo a educação do publico, do governo e também de seus próprios concorrentes e colegas na comunidade empresarial. Caso contrário, a penalidade será muito alta ( e a tecnologia necessária para enfrentar os problemas centrais da sociedade pós-industrial se defrontará com uma crescente resistência ).


A tecnologia certamente não é mais a Cinderela da administração, como foi por tanto tempo. Mas ainda está para se decidir se ela se tornará a bela e amada esposa do príncipe ou então se transformará na madrasta má do conto de fadas. O caminho que ela seguirá dependerá, em grande parte, do executivo da empresa e de sua habilidade e disposição em administrar a tecnologia. Mas o caminho que ela seguir também determinará, em grande parte, o caminho que a empresa seguirá. Pois é preciso novas tecnologias, tanto das grandes inovações quanto das mudanças tecnologicamente menores, mas economicamente importantes e produtivas, nas quais as manchetes raramente prestam atenção. Se as empresas não conseguirem fornecê-las, elas serão substituídas como instituição central ( e merecerão ser substituídas como instituição central ( e merecerão ser substituídas ). Administrar a tecnologia não é mais uma atividade subsidiária e em separado que pode ser deixada para os cabeludos do departamento de Pesquisa de Desenvolvimento ( P&D ); é tarefa central da administração. Outras informações podem ser obtidas no livro Rumo à nova economia, de autoria de Peter F. Drucker.


Mais em:


https://administradores.com.br/artigos/tecnologia-pesquisa-e-desenvolvimento-como-tarefas-centrais-da-administra%C3%A7%C3%A3o .   

Nenhum comentário:

Postar um comentário