segunda-feira, 18 de setembro de 2023

Governança Global: Lula rechaça bloqueio econômico ilegal contra Cuba, em discurso na cúpula do G77 + China

Ao discursar neste sábado ( Dezesseis de setembro de Dois mil e vinte e três ) em Havana, na Cúpula de Chefes de Estado e Governo do Gê Setenta e sete + China, o Presidente da República ( PR ) Luiz Inácio Lula da Silva ( do Partido dos Trabalhadores - PT ) agradeceu a hospitalidade, declarou seu apoio ao país anfitrião e condenou o embargo econômico imposto a Cuba pelos Estados Unidos da América ( EUA ), bem como a entrada da ilha na lista dos países que patrocinam o terrorismo.

O Brasil é contra qualquer medida coercitiva de caráter unilateral. "Rechaçamos a inclusão de Cuba na lista de Estados patrocinadores do terrorismo”, afirmou Lula.

“ Cuba tem sido defensora de uma governança global mais justa. E até hoje é vítima de um embargo econômico ilegal. O Brasil é contra qualquer medida coercitiva de caráter unilateral. Rechaçamos a inclusão de Cuba na lista de Estados patrocinadores do terrorismo ”, afirmou o líder brasileiro.

Ao longo de sua fala, Lula destacou a abrangência e a diversidade do Gê setenta e sete + China e ressaltou temas caros para o Brasil e o mundo, como revolução digital, transição energética, industrialização sustentável, ao mesmo tempo em que voltou a cobrar dos países ricos o financiamento prometido para que as nações em desenvolvimento possam trabalhar com mais eficiência no combate às mudanças climáticas.

“ A emergência climática nos impõe novos imperativos, mas a transição justa traz oportunidades. Com ela, podemos ter ar mais limpo, rios sem contaminação, cidades mais acolhedoras, comida de qualidade na mesa, empregos dignos e crianças mais saudáveis ”, frisou Lula.

Ele lembrou que o peso da atuação dos países ricos nas mudanças climáticas em curso no planeta não é o mesmo de várias outras nações em desenvolvimento.

“ Não temos a mesma dívida histórica dos países ricos pelo aquecimento global. O princípio das responsabilidades comuns, mas diferenciadas permanece válido. É por isso que o financiamento climático tem de ser assegurado a todos os países em desenvolvimento, segundo suas necessidades e prioridades. No caminho entre a COP Vinte e oito, em Dubai, e a COP Trinta, em Belém ( Capital do Estado do Pará - PR ), será necessário insistir na implementação dos compromissos nunca cumpridos pelos países ricos ”, destacou o presidente.

Gê Setenta e sete + CHINA – Considerado o principal instrumento de coordenação multilateral dos países em desenvolvimento dentro do sistema da Organização das Nações Unidas ( ONU ), o Gê Setenta e sete + China foi fundado em Mil novecentos e sessenta e quatro, quando setenta e sete nações do então chamado ‘ terceiro mundo ’ decidiram se unir para poder defender posições em comum diante das nações industrializadas.

O Gê Setenta e sete + China é o maior bloco de países em desenvolvimento dentro da ONU e tem hoje Cento e trinta e quatro países - membros, após a entrada do Sudão do Sul em Dois mil e quinze, mas mantém o nome original por tradição histórica.

Logo na abertura de seu discurso, Lula lembrou que neste ano já esteve presente em diversas cúpulas internacionais, mas exaltou o Gê Setenta e sete + China, elevando - o a uma posição de destaque.

“ Desde que assumi meu novo mandato, estive em diversos foros com a presença de países em desenvolvimento, como a CELAC, o BRICS e o Gê Vinte. Mas nenhum desses espaços conta com a abrangência e a diversidade do Gê Setenta e sete. Nosso grupo corresponde a Setenta e nove por cento da população mundial e Quarenta e nove por cento do Produto Interno Bruto ( PIB ) global em paridade do poder de compra. Há quase sessenta anos, tem sido um vetor de importantes mudanças nas instituições multilaterais. O Gê Setenta e sete foi fundamental para expor as anomalias do comércio global e para defender a construção de uma Nova Ordem Econômica Internacional. Infelizmente, muitas das nossas demandas nunca foram atendidas ”, declarou Lula.

QUARTA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL – Ao se referir às mudanças experimentadas pela humanidade, principalmente neste terceiro milênio, Lula brasileiro classificou o período atual como a Quarta Revolução Industrial. Nesse sentido, ele ressaltou que dois tópicos, em especial, merecem ser trabalhados com muita atenção. Segundo Lula, nesse processo, os países ricos não podem ditar as regras sozinhos.

“ Precisamos reforçar nossas reivindicações à luz da Quarta Revolução Industrial. Há duas grandes transformações em curso. Elas não podem ser moldadas por um punhado de economias ricas, reeditando a relação de dependência entre centro e periferia. A primeira é a revolução digital. A segunda grande mudança em curso no mundo é a transição energética ”, afirmou Lula.

Sobre a revolução digital, o líder brasileiro disse que os países em desenvolvimento precisam estar mais inseridos neste contexto. “ Avanços como a computação em rede, a inteligência artificial, a biotecnologia de ponta e a digitalização trazem possibilidades que, há poucas décadas, sequer imaginávamos. A ideia de estabelecer um painel científico para a inteligência artificial é bem - vinda, mas é preciso assegurar a participação de especialistas do mundo em desenvolvimento. ” .

AÇÃO CONJUNTA – Ao final de seu discurso, Lula desejou boa sorte a Uganda, que assumirá o comando do Gê setenta e sete + China no ano de Dois mil e vinte e quatro, e conclamou que o grupo trabalhe ainda mais em conjunto para que os objetivos dos países em desenvolvimento possam ser alcançados.

“ Os países do Sul têm plenas condições de ocupar a vanguarda da ciência, tecnologia e inovação. Por isso, precisamos voltar a agir juntos, porque juntos seremos fortes como nós já fizemos no passado ”, encerrou o presidente brasileiro.

Países que integram o Gê Setenta e sete + China


Veja a relação dos países que fazem parte do Gê Setenta e sete + China ( * fundador do grupo )

América do Sul e Caribe ( Trinta e dois ): Antígua e Barbuda, Argentina*, Bahamas, Barbados, Belize, Bolívia*, Brasil*, Chile*, Colômbia*, Costa Rica*, Cuba, Dominica, Equador*, El Salvador*, Granada, Guatemala*, Guiana, Haiti*, Honduras*, Jamaica*, Nicarágua*, Panamá*, Paraguai*, Peru*, República Dominicana*, Santa Lúcia, São Cristóvão e Névis, São Vicente e Granadinas, Suriname, Trinidad e Tobago*, Uruguai*, Venezuela*

Ásia ( Trinta e oito ) : Afeganistão*, Arábia Saudita*, Azerbaijão, Bangladesh*, Bahrein, Brunei, Butão, Camboja*, Catar, China, Coreia do Norte, Emirados Árabes, Filipinas*, Fiji, Iêmen*, Índia*, Indonésia*, Irã*, Iraque*, Jordânia*, Kuwait*, Laos*, Líbano*, Malásia*, Maldivas, Mianmar*, Mongólia, Nepal*, Omã, Palestina, Paquistão*, Sri Lanka*, Síria*, Tadjiquistão, Tailândia*, Timor Leste, Turcomenistão, Vietnã*

África ( Cinquenta e cinco ) : África do Sul, Angola, Argélia*, Benim*, Botsuana, Burkina Faso*, Burundi*, Cabo Verde, Camarões*, Chade*, Comores, Congo*, Costa do Marfim, Djibouti, Egito*, Eritreia, Eswatini, Etiópia*, Gabão*, Gâmbia, Gana*, Guiné*, Guiné - Bissau, Guiné Equatorial, Ilhas Maurício, Lesoto, Libéria*, Líbia*, Madagascar*, Malaui, Mali*, Mauritânia*, Marrocos*, Moçambique, Namíbia, Niger*, Nigéria*, Quênia*, República Centro Africana*, República Democrática do Congo*, Ruanda*, São Tomé e Príncipe, Senegal*, Serra Leoa*, Seychelles, Singapura, Somália*, Sudão*, Sudão do Sul, Tanzânia*, Togo*, Tunísia*, Uganda*, Zâmbia, Zimbábue

Com informações da:

Agência PT de Notícias  / Palácio do Planalto

Nenhum comentário:

Postar um comentário