quinta-feira, 24 de agosto de 2023

Ataques à democracia: sete membros do comando da PMDF são presos por tentativa de golpe

O cerco vai se fechando cada vez mais sobre bolsonaristas que tramaram e os que foram omissos na tentativa de golpe de Estado fracassada no dia Oito de janeiro de Brasília ( no Distrito Federal - DF ). Nesta sexta-feira ( Dezoito de agosto de Dois mil e vinte e três ), o Departamento da Polícia Federal ( DPF ) deflagrou mais uma operação na qual prendeu o comandante da Polícia Militar do Distrito Federal ( PMDF ) Klepter Rosa Gonçalves. No total, o DPF cumpriu mandado de prisão preventiva de sete membros da PMDF que estavam na ativa em janeiro de Dois mil e vinte e três, entre eles o ex-comandante Fabio Vieira, José Ferreira Sousa Bezerra, Marcelo Casimiro Rodrigues e Rafael Pereira Martin. Pela chamada Operação Incúria, a corporação também expediu cinco mandatos de busca e apreensão.


A operação foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal ( STF ), Alexandre de Moraes. Todos foram denunciados pela Procuradoria Geral da República ( PGR ) por suspeita de negligência no dia da tentativa de golpe na capital federal. As investigações detectaram, segundo a PGR, “profunda contaminação ideológica” entre os policiais da ativa à época. De acordo com a PGR, a PMDF tinha informações de inteligência sobre as ameaças de ataques golpistas aos Três Poderes dias antes dos atos de Oito de janeiro.

“Segundo as provas existentes, os denunciados conheciam previamente os riscos e aderiram de forma dolosa ao resultado criminoso previsível, omitindo-se no cumprimento do dever funcional de agir”, destacou a PGR em nota.

“Todos os denunciados, reitere-se, detinham capacidade de interromper o curso causal, por ação individual, dado o potencial exercício de poderes de comando, ou conjunta”, prossegue a PGR. “Abstiveram-se, pois estavam conluiados para que se permitisse a materialização dos atos antidemocráticos”.

Gonçalves era o responsável pela atuação do efetivo policial do DF na posse de Lula, no dia Primeiro de janeiro de Dois mil e vinte e três. Ele subiu ao posto de comandante da PMDF interinamente depois do Oito de janeiro de Dois mil e vinte e três. Segundo o jornal Folha de São Paulo, Rosa autorizou a folga de Jorge Eduardo Naime Barreto no dia Oito. À época, Barreto comandava o Departamento Operacional ( DO ) da PMDF e respondia pelo plano de prevenção a ataques golpistas na capital.

Troca de mensagens e ameaças


Na denúncia encaminhada ao STF, a PGR anexou mensagens, vídeos e áudios trocados entre os policiais, todos com teor golpista e alguns com ameaças, visando impedir a posse do Presidente da República ( PR ) eleito Luiz Inácio Lula da Silva ( do Partido dos Trabalhadores - PT ) em janeiro. Uma delas, entre Rosa e Fabio Vieira, data de Vinte e oito de outubro de Dois mil e vinte e dois, dois dias antes das eleições.

“Rapaz, vocês têm que entender o seguinte: o Bolsonaro, ele está preparado com o Exército, com as Forças Especi… As Forças Armadas, aí, para fazer a mesma coisa que aconteceu em Mil novecentos e sessenta e quatro. O povo vai para as ruas, que ninguém vai aceitar o Lula ser… Ganhar a PR, porque não tem sentido, o povo vai pedir a intervenção e, aí, meu amigo, eles vão nos livrar do comunismo novamente”, diz um trecho da transcrição do vídeo enviado por Rosa a Vieira.

Após receber a mensagem, Vieira repassou o conteúdo para Casimiro Rodrigues. Ele era comandante do Primeiro Comando de Policiamento Regional ( CPR1 ), responsável justamente pela segurança da Esplanada dos Ministérios e Praça dos Três Poderes.

Em outra mensagem, Rosa diz: “Na hora que der o resultado das eleições que o Lula ganhou, vai ser colocado em prática o Artigo Cento e quarenta e dois da Constituição Federal de Mil novecentos e oitenta e oito ( CF - 88 ), viu? Vai ser restabelecida a ordem, se afasta Xandão, se afasta esses vagabundo tudinho e ladrão, safado, dessa quadrilha… Aí vocês vão ver o que é por ordem no país. Não admito que o Brasil vai deixar um vagabundo, marginal, criminoso e bandido, como o Lula, voltar ao poder”.

Omissão Planejada


Para o ministro Alexandre de Moraes, as trocas de mensagens evidenciam uma “omissão planejada” entre os policiais do DF quanto à segurança naquele Oito de janeiro de Dois mil e vinte e três.

“O contexto extraído da investigação evidencia que todos os denunciados se omitiram dolosamente, aderindo aos propósitos golpistas da horda antidemocrática que atentou contra os Três Poderes da República e contra o regime democrático”, escreveu o ministro, na decisão que determinou a prisão preventiva dos sete oficiais da alta cúpula da PMDF.

Reação do PT


Após eclodir a operação, o deputado federal Carlos Zarattini ( PT - SP ) comentou as prisões. “O cerco vai se fechando e vamos seguir cobrando que todos os que atentaram contra nossa democracia sejam punidos com o rigor da lei. Civil ou militar todos precisam pagar por essa tentativa de golpe”, defendeu Zarattini pelas redes sociais.

“Que as investigações continuem e que todos os personagens dessa trama criminosa sejam responsabilizados”, reagiu o ministro-chefe da Secretária de Comunicação Social ( SCS ) da PR, Paulo Pimenta.

Já o senador Humberto Costa considerou como “grave” o novo capítulo das investigações sobre os atos golpistas. “O DPF tem provas de que policiais desmontaram barreiras para permitir a passagem de golpistas no dia dos atos antidemocráticos de Oito de janeiro de Dois mil e vinte e três. Hoje, parte da cúpula da PMDF foi presa”, escreveu Costa.

Com informações de:

Agência PT de Notícias 

Nenhum comentário:

Postar um comentário