segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Atentados à democracia: Reis fica em silêncio na CPMI; "ajudância de ordens virou ajudância de crimes", diz deputado

Como disse o deputado federal Rogério Correia ( do Partido dos Trabalhadores do Estado de Minas Gerais - PT - MG ), o sargento Luís Marcos dos Reis, ex - ajudante de ordens do ex - Presidente da República ( PR ) Jair Messias Bolsonaro ( do Partido Liberal - PL ), “contribuiu pouco e mentiu muito” ao depor nesta quinta - feira ( Vinte e quatro de agosto de Dois mil e vinte e três ) na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito ( CPMI ) do Golpe. A estratégia, no entanto, não impediu que a verdade aparecesse mais uma vez.

Sargento Luís Marcos dos Reis: envolvido numa série de escândalos ligados a Bolsonaro, a quem serviu como ajudante de ordens


E a verdade é que a Ajudância de Ordens, cuja função é assessorar diretamente o PR, se transformou, no governo Bolsonaro, em um verdadeiro escritório de ilegalidades.

“Infelizmente, a Ajudância de Ordens se transformou em Ajudância de Crimes”, resumiu o deputado Rubens Pereira Júnior ( do Partido dos Trabalhadores do Estado do Maranhão - PT - MA ). “Em todos os crimes que estamos investigando nesta CPMI, a Ajudância de Ordens está no meio. Todos : minuta golpista, fraude de vacinas, dinheiro vivo, invasão dos Três Poderes”, completou.

E Reis é uma prova disso. O nome do militar aparece tanto na fraude dos cartões de vacinação quanto nos ataques do Oito de Janeiro de Dois mil e vinte e três e nas transações suspeitas que beneficiaram Bolsonaro e sua esposa, Michelle.

Desmascarado, optou pelo silêncio


Ao iniciar seu depoimento, Reis tentou negar a prática de qualquer crime. Disse que os Três vírgula três milhões de reais movimentados em sua conta eram fruto de um consórcio informal que fazia com colegas militares, história taxada de “difícil de acreditar” por Rubens Pereira Júnior.

O sargento chegou também a insinuar não saber quem é Vanderlei Cardoso de Barros, pai de uma das donas da Cedro do Líbano, empresa com contratos públicos que, segundo o Departamento da Polícia Federal ( DPF ), fez depósitos na conta de Reis para que ele pagasse um cartão de crédito usado por Michelle.

Acabou desmascarado por Correia, que mostrou evidências da amizade entre os dois, a ponto de Reis chamar Barros carinhosamente de Derlei e trocar com ele diversas mensagens de WhatsApp.

Depois disso, Reis preferiu ficar em silêncio sempre que questionado sobre pagamentos feitos para Michelle ou Bolsonaro. “O seu silêncio fala demais”, ressaltou Pereira Júnior, que listou uma série de perguntas que precisam ser respondidas: 

1) Como se davam os pagamentos de contas pessoais de Bolsonaro e Michelle?

2) Qual era o volume em espécie que circulava dentro da Ajudância de Ordens?

3) De onde vinha o dinheiro em espécie, ou seja, quem repassava esses montantes?

Para o senador Rogério Carvalho ( do Partido dos Trabalhadores do Estado deo Sergipe - PT - SE ), fica claro que, além de apoiar um golpe de Estado, militares da Ajudância de Ordens e outros contribuíram para o que se parece muito com um esquema de rachadinha no interior do Palácio do Planalto.

“Pelo que estamos vendo, é o coronel, é o general, é o cabo, é o soldado, uma trupe inteira envolvida na lavagem de dinheiro, que é o que estamos neste momento identificando”, ressaltou, lembrando ainda o esquema de venda ilegal de joias da União.

“Um dos militares golpistas” 


Outra versão que Reis tentou contar foi a de que esteve na Esplanada dos Ministérios, em Oito de Janeiro de Dois mil e vinte e três, apenas como um cidadão curioso. Também acabou desmentido, pois as mensagens descobertas pelo Departamento da Polícia Federal ( DPF ) em seu telefone celular evidenciaram seu entusiasmo e apoio aos atentados terroristas daquele dia.

“O senhor estava ali engajado no golpe. O senhor é um dos militares golpistas”, acusou Correia, defendendo a punição de todos os membros das Forças Armadas que atentaram contra a democracia, seja qual for suas patentes.

“Se as Forças Armadas estão incomodadas de serem chamadas de golpistas, que eles assumam aqueles elementos que estavam no golpe, como é o caso do senhor, do Lawland, do CID, do Dutra. E nós vamos ter que escutar também o Ministro da Defesa ( MD ) de Bolsonaro, que permitiu, a mando de Bolsonaro, que um hacker entrasse no MD para falar de urnas eletrônicas”, defendeu o deputado.

Carvalho fez uma fala semelhante: “A democracia venceu aqueles que acreditavam na ditadura, no autoritarismo, no Exército como instrumento de morte contra o povo brasileiro, contra a democracia e contra a sociedade brasileira. Eu quero aqui dizer, àqueles que resistiram no Exército contra o golpe, meu respeito. E àqueles que se colocaram junto dessa aventura golpista, meu desprezo. E que a punição seja exemplar. Sem anistia para aqueles que traíram a democracia e o Brasil.”

Também presente na audiência, o líder do PT no Senado, Fabiano Contarato ( do Estado do Espírito Santo - ES ), ressaltou que figuras como a de Reis mostram bem do que se trata o bolsonarismo: “O encontro do negacionismo com o golpismo”. 

“Bolsonarismo é isso: nega a ciência, ovaciona torturador, fala que é a favor da liberdade de expressão, mas apoia ditadura, a censura na ditadura. Isso é o bolsonarismo, que afirma que a Terra é plana, que nega vacina para a população, que matou Setecentas mil pessoas, que enfia ivermectina na população. Isso não é comportamento de um integrante das Forças Armadas”, afirmou o senador.

Quebra do sigilo de Carla Zambelli


Antes do depoimento de Reis, a CPMI aprovou novos requerimentos de convocação e de pedidos de informação que deixam os bolsonaristas em situação ainda mais complicada. Entre os destaques, estão a aprovação da quebra de sigilos da deputada Carla Zambelli ( do Partido Liberal do Estado de São Paulo - PL - SP ) e do hacker Walter Delgatti.

Foi aprovada também a reconvocação do tenente-coronel Mauro Cid, faz-tudo de Bolsonaro, que, chamado nesta quinta - feira ( Vinte e quatro de agosto de Dois mil e vinte e três) pela Comissão Parlamentar de Inquérito ( CPI ) da Câmara Legislativa do Distrito Federal ( CLDF ), ficou  mais uma vez em silêncio.

Veja os requerimentos aprovados pela CPMI:

– Quebra do sigilo telefônico e telemático de Zambelli ( PL - SP );
– Relatório de Inteligência Financeira ( RIF ) de Zambelli;
– Quebra do sigilo telefônico e telemático de Bruno Zambelli, irmão da deputada;
– Quebra do sigilo telefônico e telemático de Tércio Arnaud Tomaz, ex-assessor de Bolsonaro;
– Quebra dos sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático do hacker Walter Delgatti Neto;
– Reconvocação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
– Convocação de Osmar Crivelatti;
– Pedido ao Exército para que forneça processos, sindicâncias e inquéritos instaurados para investigar militares que deveriam ter protegido o Palácio do Planalto.

Com informações da:

Agência PT de Notícias 

Nenhum comentário:

Postar um comentário