terça-feira, 5 de setembro de 2023

Justiça fiscal: começa o lobby para super - ricos ficar isentos do Imposto de Renda, denuncia Gleisi

Como era de se esperar, a decisão do governo do Presidente da República ( PR ) Luiz Inácio Lula da Silva ( do Partido dos Trabalhadores - PT ) de cobrar impostos dos super - ricos acionou a máquina do lobby e da desinformação que está sempre pronta para defender os interesses dos poderosos e impedir que o Brasil se torne um país mais justo. Exemplo é o Artigo publicado no fim de semana, no jornal Folha de São Paulo, pelo dono do grupo Esfera Brasil e presidente do Conselho de Administração da Cable News Network ( CNN ) Brasil, João Camargo.

A verdade é que, no Brasil, pobres pagam mais impostos que ricos

Intitulado ‘Ser rico não é pecado’, o texto faz uma defesa do super - rico brasileiro, definido pelo autor como alguém que “ deve ser admirado como o protagonista de uma jornada de sucesso ” e “ um exemplo de realização ”. Em contrapartida, o governo Lula, na visão de Camargo, é composto por gente desinformada sobre as experiências de outros países e com tendência a “ rasgos de tirania ”.

Camargo cita dois dados para dar força ao seu argumento de que cobrar impostos dos mais ricos é uma medida ineficiente. O primeiro é o de que vários países na Europa fizeram movimento nesse sentido e voltaram atrás nos últimos anos. O outro é de que a taxação faz os ricos fugirem para outros países com seu dinheiro — e aí ele lembra o caso do ator francês Gerard Depardieu, que se mudou para a Bélgica quando a França resolveu endurecer a legislação fiscal.

E aí, espertamente, Camargo confunde as coisas. O que o governo Lula está propondo não é o mesmo que foi feito na Europa e levou Gerard Depardieu a se mudar da França. Lá, o que se fez foi taxar grandes fortunas, cobrando - se impostos que chegavam a Setenta e cinco por cento se a pessoa ganhasse mais que Um vírgula três milhão de dólares por ano.

A proposta enviada pelo presidente ao Congresso Nacional ( CN ) é bem diferente. O que se quer é apenas taxar o rendimento que pessoas muito ricas ganham com empresas abertas no exterior ( off - shores ) e nos fundos exclusivos ( que exigem investimentos acima de Dez milhões de reais ). E o argumento é simples: por que esses investimentos não pagam imposto sobre o rendimento todos os anos, como acontece com os demais tipos? Só por que é algo que apenas os muito ricos têm? Ora, se a classe média, quando aplica seu dinheiro num fundo comum, paga imposto, nada mais justo que os super - ricos também paguem.

Elite insensível


Como muito bem observou a presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann ( do PT do Estado do Paraná - PR ), nas redes sociais, em resposta ao Artigo de Camargo, os privilégios dados aos ricos são a origem da nossa desigualdade. “ Ser pobre também não é pecado nem tampouco sinônimo de insucesso, mas sim resultado de diferenças econômicas abissais em nossa sociedade, da falta de oportunidades, decorrente de um modelo concentrador de renda e da insensibilidade da elite rica e ensimesmada ”, escreveu Gleisi. 

A também deputada federal continuou perguntado o óbvio: por que o pobre, trabalhador, tem de pagar imposto, e super - rico, não? “ Além de pagar sobre consumo, o povo começa a pagar imposto sobre a renda a partir de Dois mil seiscentos e quarenta reais mensais”, lembrou.  

E prosseguiu: “ Qual é a contribuição para o Brasil dessa turma que tira dinheiro daqui pra colocar em paraísos fiscais? Investem no quê? Já não estão com o dinheiro no Brasil. E esses fundos exclusivos, de um só dono, que tem de ter no mínimo Dez milhões de reais, contribuem no que pra riqueza do país, a não ser do seu próprio dono. Que conversa desajeitada e absurda! Não venham falar do que aconteceu na França, falsificando a história. O debate tem de ser sobre o que acontece no Brasil real, a indecente desigualdade que existe aqui mesmo, debaixo do nariz de nossas elites econômicas, que ainda pensam como se o Brasil fosse uma colônia escravagista ”. 

Por fim, Gleisi lembrou que outras medidas ainda serão necessárias. “Para promover a agenda civilizatória no Brasil de hoje, tem de incluir a taxação dos fundos exclusivos e off - shores ( medidas já anunciadas ), o fim dessa excrescência dos Juros sobre Capital Próprio  e o fim da isenção dos dividendos ”, defendeu.

Com informações da:

Agência PT de Notícias 

Nenhum comentário:

Postar um comentário